A Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, em tramitação na Câmara dos Deputados, pode demorar mais do que o previsto para ser votada. O motivo é que o Bom Senso FC e os clubes, que haviam entrado em acordo para apresentar uma proposta em conjunto, entraram em rota de colisão.
O movimento dos jogadores acusa os dirigentes de não respeitarem o que foi combinado entre as duas partes durante encontro realizado no Rio no início do mês. Nesta quarta-feira, durante reunião com o ministro do Esporte, Aldo Rebello, e o secretário de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, Toninho Nascimento, os representantes dos atletas dizem que foram pegos de surpresa com o surgimento de uma nova proposta apresentada pelos clubes.
As divergências entre Bom Senso FC e dirigentes se concentram basicamente em três pontos: teto para folha de pagamento, implantação de comissão na CBF para fiscalizar as contas dos clubes e prazo para início das punições a quem não cumprir a lei.
O Bom Senso FC pede que os clubes não gastem mais do que 70% de seu orçamento com o futebol, que a comissão da CBF seja constituída em até 90 dias e que a partir de 2016 comecem a valer sanções aos clubes que atrasarem pagamentos.
Os clubes querem que não seja estipulado limite para pagamento e contratação de jogadores e que a lei entre em vigor apenas em 2019. Com relação à auditoria que vai fiscalizar as contas dos clubes, a alegação é de que isso cabe à CBF – que solicitou um prazo maior.
“Combinamos com a presidente Dilma Rousseff que chegaríamos a um acordo com os clubes para, a partir daí, o governo ter uma posição sobre o projeto. Apesar desse acordo, os clubes enviaram para o Toninho uma proposta diferente, alterando vários pontos que já estavam definidos. Eles romperam o acordo. Atenderam a algumas demandas, mas quebraram outras”, acusou o diretor de estratégia do Bom Senso FC, Ricardo Borges Martins.
A Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte já foi aprovada em Comissão Especial na Câmara, mas ainda precisa ser votada em plenário para ser encaminhada ao Senado. Com a apresentação de propostas divergentes entre Bom Senso FC e clubes, a análise do projeto deve ser prorrogada, sem prazo para ser concluída. “A ideia da reunião com o Ministério do Esporte era saber uma posição do governo. Mas os clubes alteraram o que foi combinado e não foram à reunião” disse Martins.
Chefe da comissão de clubes, o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro, alegou que não pôde comparecer ao encontro desta quarta porque já tinha um compromisso agendado anteriormente e pediu que a reunião fosse adiada. Ele nega rompimento com o Bom Senso FC. “Não houve racha. O diálogo com eles tem sido muito bom”.
Segundo o dirigente, o que os clubes apresentaram foram apenas pontos nos quais não havia acordo com os jogadores. “Se essa lei não for aprovada, todos perderão: Bom Senso, clubes e torcida. Queremos um prazo maior para nos adaptarmos porque os contratos em vigência não podem ser rompidos”.