A empresa promotora do GP do Brasil de Fórmula 1, a Interpub, afirmou nesta sexta-feira que o comando da categoria fez contatos recentemente com outras cidades do País para avaliar um novo local para a prova. Como São Paulo só tem acordo para receber a corrida no autódromo de Interlagos até 2020, os organizadores contam que houve conversas com o Rio de Janeiro. No entanto, a opção mais viável ainda é pela manutenção da capital paulista no calendário.
O comando da Fórmula 1 enviou cartas para o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, para o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e para o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, para comunicar o interesse de realizar o GP do Brasil na capital fluminense a partir dos próximos anos. O intuito é organizar a prova no bairro de Deodoro, na zona oeste, onde há um projeto para se construir um novo autódromo.
A Interpub explicou que a empresa responsável por gerenciar a categoria, a Formula One Management, tem o interesse de continuar a realizar corridas no País. “A Formula One Management se preocupa com a continuidade do GP Brasil, evento esportivo que vem sendo disputado ininterruptamente desde 1972 e, por isso, manteve contatos com a administração da cidade do Rio de Janeiro e também com outras possíveis sedes no Brasil”, escreveu em nota.
Além disso, os promotores afirmam que o mais provável é a prova continuar a ser realizada no autódromo de Interlagos. “A Interpub, responsável pela realização da corrida, mantém seu compromisso assumido com a Prefeitura Municipal de São Paulo. Nós acreditamos que o GP do Brasil continuará sendo disputado em Interlagos”, disse o texto.
A aproximação entre a Fórmula 1 e o Rio de Janeiro é antiga. Em novembro do ano passado, durante passagem pelo Brasil, o chefe da categoria, Chase Carey, viajou à cidade para se reunir com Witzel, que disse na ocasião considerar um compromisso receber a categoria nos próximos anos. O Rio vê como oportunidade sediar a prova a partir de 2021, já que a prefeitura de São Paulo tem contrato com a categoria para realização do GP até 2020.
As correspondências enviadas pela Fórmula 1 ao governador e ao prefeito descrevem o interesse de realizar corridas no Rio em um “futuro próximo”. Houve também um contato do escritório do arquiteto alemão Hermann Tilke, o responsável pelo desenho de várias pistas da categoria. No conteúdo, ele manifesta a vontade de participar também do projeto carioca.
O Rio tenta construir um novo autódromo desde 2012, quando a antiga pista de Jacarepaguá foi demolida para dar lugar ao Parque Olímpico dos Jogos do Rio, de 2016. A opção foi um terreno de 2 milhões de metros quadrados no bairro de Deodoro, na Floresta do Camboatá. O local antigamente pertencia ao Exército e servia como depósito de munições. Por isso, foi necessário realizar nos últimos anos um trabalho de descontaminação do solo no valor de R$ 60 milhões, bancados pelo Ministério do Esporte.
Em março de 2017, a prefeitura do Rio abriu o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para receber propostas sobre a construção do novo circuito, dentro das exigências técnicas de infraestrutura e de acordo com o cumprimento de requisitos ambientais. O projeto vencedor tem custo previsto de R$ 700 milhões. O objetivo é ter recursos somente privados, com a concessão do espaço por 35 anos.
Porém, nos últimos meses o lançamento do edital do projeto travou. O Tribunal de Contas do Município (TCM) recomendou a alteração de 138 pontos no texto do projeto e encaminhou essas mudanças à prefeitura. Na última quarta-feira, a Câmara dos Vereadores do Rio aprovou em primeira votação a criação de uma Área de Proteção Ambiental (APA), na Floresta do Camboatá, o que pode dificultar a concretização do autódromo.