O Campeonato Brasileiro teve, em 2014, a maior bilheteria de sua história, com a marca de quase R$ 216 milhões nos 380 jogos da Série A. Nos últimos dez anos, o aumento das bilheterias atingiu a marca de 289%. A principal razão da marca expressiva em 2014 é o aumento do valor dos próprios ingressos, que ficaram 12% mais caros em relação ao ano passado e também atingiram seu maior patamar na história da competição. Os dados fazem parte de um estudo exclusivo realizado pela BDO, empresa de consultoria e auditoria.
À primeira vista, o recorde de arrecadação poderia sugerir também um aumento do público nos estádios, o que significaria um resgate pelo interesse no futebol brasileiro depois do fiasco na Copa do Mundo. Os brasileiros teriam digerido a mágoa com o 4.º lugar da seleção brasileira no torneio mundial com o amor pelos clubes do coração. Os números, no entanto, não permitem essa conclusão.
O aumento dos torcedores foi de apenas 9% e a média nos estádios foi de 16,3 mil, bem perto da marca dos últimos dez anos, na casa de 15,2 mil. “A média de público não sofreu um aumento significativo a ponto de explicar a arrecadação recorde. O principal fator realmente é o aumento do valor dos ingressos”, explica Pedro Daniel, gerente da divisão Esporte Total da consultoria.
SUCESSO – Outra grande conclusão do estudo é o sucesso absoluto das novas arenas esportivas, construídas e reformadas para a Copa ou meses depois. Das 30 maiores bilheterias do torneio, 29 foram registradas nos estádios novos. Além disso, a média de público foi 88% superior em relação às antigas arenas, o que comprova o grande apelo que tiveram sobre a torcida. Allianz Parque, estádio onde o Palmeiras garantiu sua permanência na Séria A com o empate por 1 a 1 por Atlético-PR, teve média de 34.545 pessoas por jogo, a melhor média.
Aqui, o dado precisa ser relativizado. Além desse jogo final, a arena só viu mais uma partida do Brasileirão: a derrota para o Sport, por 2 a 0, na reabertura da arena. Ou seja, o fator “novidade” é a principal justificativa para a ida ao estádio. Com o passar dos meses, esse apelo tende a diminuir.
Já a Arena Corinthians, onde a equipe de Mano Menezes acabou perdendo pontos preciosos que custaram a luta pelo título, vem logo em seguida, ainda sob o efeito da abertura da nova casa corintiana. A equipe fez 18 jogos ali, sempre contando com uma média de 30 mil torcedores no estádio.
Os fãs fizeram questão de conhecer os estádios da Copa e não se importaram em pagar mais por novos serviços. O ingresso para assistir a um jogo nas novas arenas foi, em média, 84% mais caro que nos estádios antigos. A referência, novamente, é o estádio do Palmeiras. Com um preço médio de R$114,10, o ingresso do Allianz Parque foi o mais caro.
Para Pedro Daniel, isso impõe um desafio para os estádios antigos. “Eles precisam oferecer novos serviços e apresentar maior valor agregado para competir com as novas arenas.”
O bicampeão Cruzeiro foi o dono da maior média de público (29.569). Aqui é difícil diferenciar causa e consequência: o time joga bem e, por isso, atrai o público ou é o público que incentiva a equipe a mostrar um grande futebol. O fato é que o time do técnico Marcelo Oliveira participou de cinco dos dez jogos com maior público do torneio.