Um juiz de um tribunal dos Estados Unidos condenou Jack Warner, ex-presidente da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf), a pagar uma indenização de US$ 79 milhões (cerca de R$ 297 milhões) pelo seu envolvimento em um dos vários escândalos de corrupção que estremeceram a Fifa há quatro anos.
O juiz federal William Kuntz emitiu esta sentença na última quarta-feira, em uma corte do Brooklyn, em Nova York, como fruto de um processo movido em 2017 contra o ex-dirigente, acusado de desviar dezenas de milhões de dólares da entidade continental que presidia. A decisão judicial foi tomada depois de Warner não responder às acusações feitas contra ele.
Advogado da parte que entrou com a ação na Justiça, John Custer informou, por meio de um comunicado, que o órgão que controla o futebol da América do Norte, Central e Caribe “pretende seguir todas as vias disponíveis para fazer com que se cumpra a sentença dentro de qualquer jurisdição onde a Concacaf tenha motivos para crer que o senhor Warner tenha ativos”.
Com 76 anos, o ex-dirigente era um dos ex-presidentes da Fifa e foi indiciado em meio a uma abrangente investigação penal que resultou em veredictos de culpa de vários ex-dirigentes poderosos do futebol mundial, entre eles José Maria Marin, ex-presidente da CBF, que cumpre pena de prisão nos Estados Unidos.
O ex-mandatário da Concacaf chegou a ser preso em 2015 em Port of Spain, capital de Trinidad & Tobago, país onde nasceu, mas conseguiu deixar a cadeia mediante o pagamento de fiança. Atualmente respondendo ao processo em liberdade, ele luta contra um pedido de extradição feito pelos Estados Unidos, que pede que Warner deixe Trinidad & Tobago, onde ele negou ter cometido atos ilícitos.
Procurado pela agência de notícias The Associated Press, um advogado do ex-dirigente ainda não havia respondido a uma mensagem eletrônica enviada a ele para comentar a sentença aplicada ao seu cliente.
Este processo acusa Warner e Chuck Blazer, ex-secretário-geral da Concacaf e ex-membro do Comitê Executivo da Fifa, de negociarem subornos para lucrar de maneira ilegal com a venda de direitos de transmissão televisiva de vários torneios, entre os quais a Copa Ouro, principal competição de seleções do continente. Blazer, porém, morreu em julho de 2017, antes da apresentação formal das denúncias contra ele.
Além disso, Warner e Blazer foram acusados criminalmente de receberem, enquanto membros do Comitê Executivo da Fifa, um pagamento de US$ 10 milhões (cerca de R$ 37,6 milhões, pela cotação atual) para influir em votações que serviram para eleger sedes da Copa do Mundo. Após ser preso em 2015, Blazer admitiu a prática de suborno durante o período prévio à eleição que escolheu o palco do Mundial de 1998, que ocorreu na França, e o pagamento de propina para ajudar a África do Sul a abrigar a competição em 2010, ano em que o país africano recebeu o torneio. No pleito para a Copa que aconteceu em solo francês, ele teria vendido votos para tentar eleger o Marrocos.
Warner “concordou em fornecer a Blazer um milhão dos 10 milhões de dólares que
incluíam suborno”, segundo o processo criminal, no qual também é destacado: “Não é surpreendente que, em 15 de maio de 2004, quando foi realizada a votação do Comitê Executivo da Fifa, a África do Sul foi eleita e superou Marrocos para sediar a Copa do Mundo 2010. Warner e Blazer votaram pela África do Sul”.
No início deste ano, os herdeiros de Blazer concordaram em pagar US$ 20 milhões (algo em torno de R$ 75,3 milhões) como indenização em um processo civil. Já os filhos de Warner, Daryll e Daryan, se declararam culpados de fraude no caso criminal em 2013, como parte de um acordo para cooperar com as autoridades. Eles estão livres sob fiança, mas foram proibidos de viajar dentro dos Estados Unidos e aguardam sua sentença.