Flamengo e Guarulhos estavam em fase final de preparação para a disputa da quarta divisão do Campeonato Paulista, que tinha estreia marcada para o dia 18 de abril. No entanto, a paralisação anunciada pela FPF (Federação Paulista de Futebol) em vista da pandemia do coronavírus no Brasil deixou as agremiações desnorteadas quanto ao início da competição, sem data prevista para acontecer.
Os grandes clubes do Brasil, em regra, já trabalham com folhas salariais apertadas ou incompatíveis com as receitas arrecadadas. As equipes propuseram, durante a parada, 25% de desconto nos salários, o que foi rechaçado pela Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf). Sem acordo geral, cada time está liberado para negociar diretamente com seus atletas.
Em Guarulhos, cidade que respira futebol paralelo ao vivido por agremiações das séries A e B do Campeonato Brasileiro, as equipes procuram, ponderando a situação inédita do país e a prioridade da saúde da população, honrar os compromissos. O presidente do Flamengo, Caio Soler, afirmou que poucos setores do clube têm funcionado e que a folha está em dia e garantida até o mês de abril. Contudo, demonstra incertezas em relação ao futuro sem um aval da entidade que administra o futebol estadual. “Estamos parados e com quase 100% dos colaboradores em casa. Apenas manutenção e limpeza permanecem, com jornadas reduzidas. Os salários, por enquanto, estão em dia e a próxima folha, mesmo com dificuldade, será honrada. A partir daí, vamos avaliar como vai ficar, até porque não sabemos quanto tempo isso tudo permanecerá. Precisamos aguardar uma posição da Federação quanto ao futuro das competições para, então, prosseguirmos com um direcionamento”, afirma ao GuarulhosWeb.
O rival do Corvo, Guarulhos, é presidido por Ricardo Agea. O dirigente, em vista das dificuldades financeiras, trabalha com contratos formalizados às vésperas do início das competições. Ele admite que o clube tem despesas atrasadas, mas mostra otimismo para o restante da temporada. “Ainda não assinamos a maior quantidade de acordos para a disputa da Série B. Pedimos aos atletas que estavam aprovados para aguardar e, 90% dos jogadores entendem a realidade da divisão. Muitos deles só precisam de uma vitrine para atual em melhores condições. Nós temos despesas atrasadas, mas sempre tivemos dificuldade. Agora precisamos esperar 15 dias e ver como a população vai reagir à pandemia. Eu acredito no melhor sempre e sei que vamos superar tudo isso”, disse à reportagem.
Com as competições adultas e de base paralisadas, os times de Guarulhos estão em completa paralisação e sequer têm previsão de retorno às atividades. A Federação Paulista não se posicionou quanto a um possível início da quarta divisão mas, por ora, não trabalha com a ideia de cancelamento dos campeonatos em 2020.