Esportes

Procuradoria do TJD-RJ vai denunciar Macaé por invasão de torcida do Flamengo

A invasão de torcedores a um vestiário do estádio Cláudio Moacyr no sábado vai gerar denúncia da procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio (TJD) contra o Macaé, mandante do jogo com o Flamengo. O goleiro Ricardo Berna, do clube mandante, sofreu um corte no queixo provocado, segundo ele por uma agressão dos invasores, supostamente de uma organizada flamenguista. Ninguém foi detido.

O procurador do TJD, André Valentim, disse que o Macaé infringiu o artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), por deixar de dar garantias de segurança inerentes ao mandante do jogo. Ele informou que se for confirmado o envolvimento de flamenguistas na baderna, o clube também será denunciado.

“Posso adiantar que o Macaé vai ser denunciado. Quanto ao Flamengo, não posso falar sem ver a súmula. Se for confirmado que houve agressão, os dois vão entrar no pau”, disse. O CBJD prevê punição ao clube visitante no caso de atos de vandalismo de sua torcida. Valentim deverá receber a súmula na terça, quando também pretende protocolar a denúncia.

Ricardo Berna contou detalhes do episódio em entrevista à Agência Estado. “Me acertaram com uma lata enquanto eu tentava me proteger. Tive sorte porque o homem que jogou a lata acabou batendo com o braço na porta senão o impacto poderia ter sido mais forte. Logo depois, meus companheiros de time fizeram um círculo de contenção ao meu redor e evitaram que acontecesse algo pior.”

De acordo com Berna, mais de 50 homens com uniforme de uma torcida do Flamengo invadiram os corredores do estádio tentando encontrar um acesso para as arquibancadas. Ao chegarem perto do vestiário do Flamengo, eles foram afastados pelos seguranças do time rubro-negro.

A seguir, os invasores se aglomeraram junto ao vestiário do Macaé, que foi invadido. Houve furto de materiais esportivos e agressões. O goleiro, titular na conquista do Campeonato Brasileiro de 2010 pelo Fluminense, pediu ações mais enérgicas do poder público e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) contra a violência, mas evitou criticar a Federação de Futebol do Rio (Ferj).

A entidade, que organiza o carioca, instituiu uma multa, a partir deste ano, a clubes e jogadores que atacarem publicamente o campeonato. Berna disse que dirigiu sua indignação à CBF por ser o órgão maior do futebol nacional. Ele também defendeu a punição dos envolvidos na esfera judiciária. “Não dá para ficar só no justiça desportiva.”

O vice-presidente do Macaé, Valter Bittencourt, afirmou que o clube tomou as medidas de segurança necessárias. Segundo ele, o estádio já estava com a lotação esgotada e que, por isso, houve a invasão do portão de entrada do time mandante, que também dava acesso aos vestiários. “Soube que tombaram um rapaz que estava fazendo segurança” disse.

Bittencort eximiu o Macaé de culpa pela invasão. “Isso nunca havia acontecido antes nesse estádio. Querem colocar a culpa sobre a gente, mas somos as vítimas.” Segundo ele, o Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe) era responsável pela segurança dos arredores do estádio. O Gepe, por sua vez, argumentou que o Macaé é que deveria fazer o controle do portão.

O Flamengo emitiu nota se isentando de culpa e criticando a estrutura de segurança da Ferj. “Estranhamos também o fato de a organização do jogo, segundo testemunho de representante da Ferj, ter designado apenas um profissional para cuidar da segurança de um portão de entrada aos vestiários, em partida com lotação máxima. Isto prova, no mínimo, desleixo de quem tinha como obrigação garantir a segurança necessária para o espetáculo.”

O delegado Filipi Poeys Lima, da 123ª Delegacia de Polícia, em Macaé, afirmou não ter recebido denúncia nem dos clubes nem de Ricardo Berna, e que vai aguardar uma manifestação das partes envolvidas para iniciar as investigações.

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