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Neymar terá que declarar valor recebido com tranferência

Não será apenas o presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, que terá que prestar contas do que pagou como impostos para a contratação de Neymar. O despacho do juiz espanhol Pablo Ruz, desta terça-feira, obtido pela Agência Estado, também exige que o craque brasileiro e suas empresas esclareçam qual foi a renda que obtiveram.

O juiz quer do clube os documentos “em relação às rendas declaradas em nome de Neymar Da Silva Santos Jr. e às sociedades do mesmo vinculadas que resultam investigadas nas presentes ações”. Ruz deixa claro que espera que o clube apresente um “informe completar” da declaração de renda de Neymar como pessoa física e sua declaração de impostos sobre a renda de não-residentes.

O juiz também colocou o Barça no banco dos réus por três crimes fiscais. Para ele, existem “indícios suficientes para uma investigação sobre um possível novo delito contra a Fazenda”. Ele deu cinco dias para que o clube apresente todos os recibos de impostos pagos.

O Ministério Público da Espanha havia denunciado Bartomeu por uma fraude milionária na contratação de Neymar. Nesta terça, o Ruz aceitou a denúncia e indiciou o cartola por uma fraude ao Fisco de mais de 2,8 milhões de euros, além de outros 10 milhões de euros também sonegados.

O dinheiro seria a parcela de impostos que o Barcelona deveria ter pago na contratação do brasileiro. Mas como os contratos eram secretos e os valores jamais foram divulgados, a sonegação fiscal teria sido milionária ainda em 2014.

MANOBRA – Segundo as investigações e que servem de base para o indiciamento, os esforços dos dirigentes do Barça era o de garantir que Neymar fosse ao clube um ano antes do acordo dado. Isso exigiria aumentar a oferta e repartindo o pagamento entre três empresas que foram criadas pelo pai do jogador para receber o dinheiro.

Mas, para não afetar as contas do clube, o então presidente Sandro Rosell e Bartomeu optaram por esconder parte dos gastos dos sócios e do Fisco. “Para realizar esse plano e com a intenção de ocultar o custo real do jogador, Rosell fragmentou o pagamento em diversas parcelas, formalizando uma série de contratos com o Santos e com Neymar”, alerta a investigação. “A finalidade dessas empresas era fragmentar o valor real do jogador. Elas operavam unicamente como intermediárias nos pagamentos feitos pelo clube”, indicou.

A investigação ainda revelou um novo dado: o custo total de Neymar ao time foi de 95 milhões de euros, quase R$ 290 milhões. O Barcelona jamais aceitou esse valor. Primeiro, indicou que pagou cerca de 57 milhões de euros. Há uma semana, o clube admitiu que o contrato era de 86,2 milhões de euros (R$ 263 milhões). Agora, a Justiça aponta que o valor é ainda superior.

Nesse novo capítulo da denúncia, as investigações apontaram que o clube catalão deixou de pagar à Fazenda cerca de 2,6 milhões de euros por conta de um contrato de 40 milhões de euros com o jogador. Esse contrato foi assinado em 3 de junho de 2013. Mas jamais foi apresentado aos sócios ou aos fiscais de renda. Em 2014, a última parcela de 5 milhões de euros desse total de 40 milhões foi depositado na conta da empresa N&N, do pai de Neymar.

Para o MP, cabia ao Barça registrar essas contratos e pagar seus devidos impostos no exercício fiscal de 2014, o que não ocorreu. O clube ainda sonegou 234 mil euros em contratos de imagem do brasileiro e outros 11,7 mil euros por um contrato com o pai de Neymar, avaliado em 22,5 mil euros. Rosell e Bartomeu ainda são acusados de fraude e sonegação em 2011 e 2013.

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