Esportes

Massa demonstra otimismo na Williams e não se assusta com Vettel e Alonso

Felipe Massa embarca neste domingo para Melbourne para a semana final de preparação antes de iniciar a sua 13.ª temporada na Fórmula 1, a segunda pela Williams. A partir de agora, o piloto vai passar pouco tempo em Mônaco, onde mora, para viajar pelo mundo em 20 etapas.

Já adaptado à escuderia inglesa e otimista pela pré-temporada, Massa afirmou em entrevista exclusiva que está na segunda melhor equipe do grid e prevê que nem o alemão Sebastian Vettel na Ferrari nem o espanhol Fernando Alonso na McLaren vão ter muitas chances de superar a Williams em 2015.

As outras equipes devem conseguir diminuir o domínio da Mercedes durante a temporada?
Não acredito. Ela ainda está bem à frente das demais equipes. Mas, pelo que mostramos até agora, estamos na briga para ser a segunda força da Fórmula 1. A Ferrari melhorou o motor e se aproximou de nós, comparando com o fim do ano passado. Mas estamos bem, temos um carro competitivo e vamos para cima.

Em que pistas o desempenho da Williams pode ser melhor?
Em tese, acho que devemos continuar indo bem naquelas pistas de longas retas, mas não se pode esquecer de algumas equipes. O melhor exemplo é a Ferrari. Eles melhoraram o motor. Então, temos de esperar o início do campeonato para ter uma noção exata. Mesmo assim, também temos de evoluir nesse tipo de circuito. Em compensação, nossos números em Barcelona mostraram uma melhora. E lá não tinha sido uma pista favorável em 2014.

A Pirelli prevê que em algumas pistas os carros consigam ser até quatro segundos mais rápidos. Qual a sua expectativa?
Acho essa estimativa um pouco exagerada. Se olharmos os tempos da pré-temporada, os carros estão mesmo mais rápidos que nesta mesma época do ano passado. Mas acredito que 2,5 segundos é um cálculo mais próximo da realidade do que o apresentado.

Quais mudanças os pilotos sentiram pelo novo desenho do bico dos carros? O estilo de guiar foi afetado?
Essas mudanças têm o objetivo de piorar a aerodinâmica e obrigam as equipes a buscar a pressão que foi perdida. E tudo passa pelo bico. A cada ano a meta é recomeçar a entender o carro. Mas grande parte do que foi perdido já foi recuperado. Em mais de três meses, desde o fim do campeonato do ano passado, já deu para avançar bastante em termos de desenvolvimento.

Quais os principais aspectos do carro da Williams que ganharam melhorias em 2015?
O carro está mais inteligente e mais trabalhado. Já era bom o que tínhamos em 2014, mas a suspensão e asa traseira melhoraram bastante. O conceito é basicamente o mesmo do ano passado, mas, como a base já era boa, foi possível melhorar a aerodinâmica e a parte traseira do carro.

Bottas começou 2014 com resultados melhores, mas no fim do ano quem se destacou mais nas corridas foi você. Quem começa em vantagem agora?
Não creio que exista vantagem para nenhum dos dois. Estamos concentrados em trabalhar para a equipe e dar o melhor de nós. Apenas isso. Claro, pensando sempre em conquistar o máximo possível.

Os testes de pré-temporada tiveram mais equilíbrio do que os realizados em 2014. Isso deve ser levado em consideração ou há equipes que podem estar fazendo mistério?
Quem poderia estar escondendo o jogo era a Red Bull. Mas, como até o final dos testes eles não apareceram, então a maior possibilidade é que eles tenham algum problema no carro.

A temporada volta a ter pontuação simples na última corrida e não dobrada, como foi em 2014. Qual das formas mais te agrada?
O mais simples e correto é a pontuação simples. O sistema do ano passado foi criado na tentativa de chegar à última etapa com vários pilotos brigando pelo título. Só não deu completamente errado porque os dois pilotos da Mercedes levaram a decisão até o final.

A nova regulamentação para o desenvolvimento de motores trouxe algumas confusões. Como você avaliou a definição do imbróglio, com a resposta positiva dada à Honda?
A grande dificuldade que as fábricas enfrentam é o alto nível de tecnologia da Fórmula 1. E não apenas em relação aos motores, mas todo a unidade motora, que envolve também as baterias e uma série de outros componentes. É muito difícil para uma casa começar do zero, fazer e preparar os motores. A maioria dos fabricantes sofreu, não apenas a Honda.

No começo do ano passado você destacou que a sua troca de equipe foi muito benéfica. Você acredita que as chegadas de Alonso e Vettel podem ajudar na reação da McLaren e da Ferrari?
Acredito que todas essas mudanças podem acabar beneficiando a Williams. Mesmo sendo capaz de somar muitos pontos mesmo com um carro não muito bom, dificilmente o Alonso somará no ano o mesmo número de pontos que conseguiu marcar na Ferrari em 2014. Da mesma forma, o Vettel saiu de uma equipe em que foi tetracampeão do mundo e também tenho dúvidas se pontuará tanto quanto conseguiu no ano passado.

O acidente do Alonso acrescentou aos pilotos uma maior preocupação com a segurança na categoria?
Primeiramente, precisamos saber o que realmente aconteceu, porque até agora não está claro o que causou o acidente. Sem conhecer o motivo, fica difícil falar algo.

Você tem falado com familiares ou pessoas próximas ao Alonso sobre a recuperação dele?
Sim, troquei mensagens com ele nestes dias, a última delas ainda hoje (a última sexta-feira). Pelo que senti desse contato, o Alonso me pareceu muito bem. Felizmente.

A Red Bull aposta em uma jovem dupla de pilotos e teremos em 2015 Max Verstappen, que será o piloto mais jovem da história. Como você analisa essa precocidade na Fórmula 1? É perigoso queimar etapas ou o processo é positivo para a categoria?
Não me agrada ver alguns pilotos queimando etapas da carreira. O caso do Verstappen é um exemplo. Apesar de todo o talento que possa ter e do que já fez na curta carreira, está entrando cedo demais. A esta altura, deveria estar nas categorias de base. Eu mesmo, que entrei na Fórmula 1 com 20 anos, senti como me faltou experiência. Ele será rápido, mas corrida tem outras coisas e a falta de bagagem pode pesar. E não gostei da nova regra da FIA, que a partir de agora não vai mais permitir que pilotos assim entrem na Fórmula 1. Apesar disso, a FIA vai deixá-lo correr. Afinal, se ele ainda não estreou, está na mesma situação.

Você se deu muito bem em pistas que já não estão mais no calendário da categoria, como Turquia, Valência e França. Sente falta desses autódromos no calendário?
Não andar mais nessas pistas não é necessariamente um problema ou uma desvantagem. Mas é claro que é sempre legal pilotar num circuito onde você tem um bom histórico. É principalmente o caso da Turquia, onde ganhei três vezes.

Temos a inclusão do GP do México no calendário. Apesar dos testes em simulador, quais dificuldades a pista pode oferecer? A localização na altitude pode interferir?
Será uma pista nova para todos, o que significa condições iguais. A altitude não deve mais interferir na potência dos motores porque o turbo não tem esse problema. Em São Paulo, perdíamos até 80 cavalos com os aspirados. Depois dos turbos, a perda praticamente inexistiu.

Você acompanhou o desenvolvimento recente de Felipe Nasr rumo à Fórmula 1. O que a torcida pode esperar dele?
Antes de mais nada, espero que a torcida o apoie e entenda que ele estará dando todo o sangue para fazer o melhor. Ele está começando em uma equipe com um bom histórico para estreantes, como foi o meu caso. Mas a equipe também precisa ter paciência e entender que a temporada de 2015 será a primeiro dele na categoria. Tomara que seja a primeira de muitas. Pelo que vi na pré-temporada, o carro da Sauber melhorou bastante na comparação com o do ano passado.

Posso ajudar?