Economia

Bolsas da Europa fecham em queda por incerteza com orçamento da Itália

Os mercados acionários da Europa fecharam em queda nesta sexta-feira, 28, pressionados em meio a declarações contraditórias de representantes do governo da Itália, o qual anunciou na quinta-feira, 27, a meta orçamentária de um déficit de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Com isso, a bolsa de Milão encerrou a sessão com o recuo porcentual mais acentuado desde junho de 2016. O índice Stoxx-600 apresentou queda de 0,83%, aos 383,18 pontos, e perda semanal de 0,29%.

O anúncio de que o governo italiano chegou a um acordo de manter o déficit fiscal em 2,4% do PIB em 2019 trouxe incertezas às praças europeias, diante da derrota do ministro da Economia italiano, Giovanni Tria, que defendia um déficit de 1,6% do PIB, para os partidos da coalizão. Rumores de que a decisão poderia levar à renúncia de Tria foram desmentidos pelo primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, de acordo com a agência Ansa.

Conte também afirmou que não teme que a União Europeia (UE), que estipulou teto de 3% para o déficit, rejeite o orçamento e que a diferença nos rendimentos entre os bônus do governo italiano (BTPs) e os do alemão (Bund) vai diminuir quando os mercados souberem dos detalhes da questão orçamentária. Ele se refere ao movimento de busca por segurança entre investidores do continente, que levou os juros dos Bunds a recuarem, refletindo a demanda, enquanto os da Itália avançaram acima de 3%, em meio às incertezas.

A busca por segurança também penalizou a bolsa de Milão, onde o FTSE MIB fechou o pregão em queda de 3,72%, recuo porcentual mais acentuado desde 27 de junho de 2016, aos 20.711,70 pontos, e perda semanal de 3,83%. No último mês, porém, o índice avançou 2,18% e, no trimestre, recuou 4,22%. O setor financeiro foi um dos mais afetados diante dos desdobramentos da discussão do orçamento no país: os papéis do Intesa Sanpaolo despencaram 8,44%, enquanto os do UniCredit caíram 6,73% e os do Banco BPM recuaram 9,43%.

Já o FTSE 100, de Londres, recuou 0,47%, aos 7.510,20 pontos, mas subiu 1,04% no mês, apresentando recuo de 1,65% no trimestre; o CAC 40, de Paris, registrou queda de 0,85%, aos 5.493,49 pontos, no entanto avançou 1,60% no mês e 3,19% no trimestre; o DAX, de Frankfurt, caiu 1,52%, aos 12.246,73 pontos, e recuou 0,94% no mês, além de cair 0,48% no trimestre; o Ibex 35, de Madri, cedeu 1,45%, aos 9.389,20 pontos, com queda de 0,10% no mês e 2,24% no trimestre; e o PSI 20, de Lisboa, recuou 1,20%, aos 5.359,27 pontos, apresentando queda de 1,27% no mês e 3,16% no trimestre.

Investidores ainda estão atentos às negociações acerca da saída do Reino Unido da UE. A primeira-ministra Theresa May foi solicitada pelo seu ex-ministro de Relações Exteriores e também membro do Partido Conservador Boris Johnson a desfazer as propostas atuais para o Brexit. A conferência anual da legenda começa domingo e se estende até quarta-feira.

Entre os indicadores, destaque nesta manhã para o PIB do Reino Unido, que avançou 0,4% no segundo trimestre na comparação com o anterior, de acordo com a leitura final do dado, divulgada pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês), em linha com a previsão. Já o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro teve alta de 2,1% em setembro, na comparação com igual mês de 2017, informou a agência oficial de estatísticas da União Europeia, a Eurostat, também em linha com a expectativa. O núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, por outro lado, subiu 0,9% em setembro na comparação anual, abaixo da previsão de alta de 1,0%.

Além disso, o PIB da Espanha registrou crescimento de 0,6% no segundo trimestre ante o anterior, de acordo com a leitura final do indicador, publicada pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), em linha com a projeção.

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