Os ativos domésticos passam nesta sexta-feira, 2, por uma correção generalizada a partir do quadro externo e na curva de juros esse movimento se traduziu em pressão de alta nos principais vencimentos, sobretudo os longos, que são mais sensíveis ao cenário internacional. O catalisador para a trajetória ascendente foi o relatório de emprego norte-americano de janeiro, cuja leitura reforçou a ideia de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode aplicar quatro altas de juros em 2018.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2019 fechou em 6,830%, de 6,805% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2020 subiu de 8,01% para 8,08%. A taxa do DI para janeiro de 2021 encerrou a 8,92%, de 8,81%, e o DI para janeiro de 2023 avançou de 9,47% para 9,60%.
No relatório norte-americano, o destaque foi o avanço de 0,34% do salário médio por hora dos trabalhadores, acima do esperado pelos economistas (0,20%), sinalizando aumento da pressão inflacionária, o que pode levar a política monetária a um aperto mais forte este ano. Além disso, a geração de 200 mil vagas também superou as projeções, que eram de 177 mil postos. Janeiro marcou o 88º mês seguido de criação de empregos nos EUA, a série mais longa da história.
À tarde, foram divulgados mais dados indicando a consolidação da expansão da economia norte-americana. As encomendas à indústria subiram 1,7% de novembro para dezembro, enquanto analistas previam avanço de 1,5%.
“O processo de normalização de juros talvez não seja tão gradual como esperado. O mercado já está vendo quatro altas de juros e o comunicado de anteontem do Fed já tinha dado algum sinal de que podem ser mais de três”, avaliou o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Melo.
Em consequência, o dólar avança ante as demais moedas, incluindo o real, enquanto a taxa da T-Note de dez anos rompeu o patamar de 2,80%, atingindo os maiores níveis em três anos. Às 16h33, o dólar à vista estava em R$ 3,2113 (+1,31%) e o Ibovespa caía 1,17%, aos 84.449,14 pontos.