Os juros futuros de curto e médio prazos fecharam em queda nesta quinta-feira, 8, refletindo a reação do mercado ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro abaixo do esperado, que fez crescer a aposta, ainda minoritária, entre os investidores de que a Selic será reduzida novamente na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em março. Além disso, os prêmios que indicavam alta da taxa básica este ano foram reduzidos na curva. A ponta longa, porém, nos contratos de vencimento a partir de meados de 2022, fechou com viés de alta, alinhada à piora do humor dos ativos externos.
Ao final da sessão regular, que mostrava liquidez fortíssima, sobretudo na ponta curta, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2019 estava em 6,740%, de 6,805% no ajuste, e a do DI para janeiro de 2020 caiu de 8,05% para 7,97%. A taxa do DI para janeiro de 2021 fechou em 8,85%, de 8,87%, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 9,57% para 9,59%.
A reação ao IPCA se sobrepôs à sinalização do comunicado do Copom, de que a redução de quarta da Selic para 6,75% encerrou o ciclo de flexibilização monetária, apesar de os diretores terem deixado uma brecha para voltar a cortar a taxa na próxima reunião, “caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos”.
“O IPCA foi um surpresa não só no headline mas também na leitura qualitativa, que prevaleceu ao Copom e reabriu a possibilidade de corte da Selic em março”, afirmou o trader de renda fixa da Quantitas Asset Matheus Gallina. O IPCA de janeiro mostrou inflação de 0,29%, a menor para o mês desde o início do Plano Real em 1994. Entre os economistas consultados pelo Projeções Broadcast, o piso das expectativas era 0,33%.
A partir da leitura do IPCA, as apostas para um novo corte de 0,25 ponto porcentual da Selic em março avançaram de cerca de 20% na quarta para 30% nesta quinta na curva, segundo a Quantitas. Adicionalmente, a precificação para altas da taxa básica este ano foi reduzida. “O mercado tirou um pouco do prêmio para alta no final do ano e postergou mais para o primeiro trimestre para 2019”, disse Gallina.
No exterior, os ativos em Wall Street voltaram a estressar no período da tarde. Primeiramente, com a declaração da líder democrata na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi (Califórnia), de que votará contra o pacto orçamentário de dois anos e depois com a fala do presidente da unidade de Nova York do Federal Reserve, William Dudley. Ele afirmou que “a precificação dos mercados de aperto monetário é apropriada”.