A conclusão da investigação de suspeitas de corrupção envolvendo executivos e ex-administradores na Caixa Econômica Federal pesou na decisão da PricewaterhouseCoopers (PwC) de assinar o balanço do banco do terceiro trimestre de 2017, apurou o Estadão/Broadcast. Esse foi, inclusive, o motivo para o atraso da divulgação do resultado, que ficou disponível em 29 de dezembro no site da instituição, após a consultoria dar seu aval, com ressalvas na carta dos auditores independentes, um dia antes.
A PwC teria se negado a assinar o balanço, de acordo com fontes, antes de obter a conclusão da investigação, cujas alegações finais foram entregues na segunda-feira pela Procuradoria da República do Distrito Federal à 10.ª Vara Federal em Brasília. O documento, que contou com auxílio da consultoria de riscos Kroll, foi solicitado pelo Conselho de Administração do banco, em agosto, e produzido pelo escritório de advocacia Pinheiro Neto.
Em relatório dos auditores independentes que acompanha as demonstrações financeiras da Caixa, a PwC justifica que não foi possível determinar se havia necessidade de ajustes ou divulgações adicionais relacionados às alegações de casos de corrupção até setembro, uma vez que a investigação sobre o tema estava em andamento.
A auditoria destacou ainda que, exceto pelos possíveis efeitos de atos ilegais, não teve “conhecimento de nenhum fato que indique que as demonstrações contábeis do banco não foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil aplicáveis às instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central”. No terceiro trimestre, a Caixa teve lucro líquido de R$ 2,168 bilhões, alta de 122,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foi de R$ 976 milhões.
Apesar de estar “livre” em questões contábeis, a investigação, conforme documento produzido pelo Pinheiro Neto, detectou casos de influência política na Caixa em ao menos quatro vice-presidências. Procurada, a Caixa não quis se pronunciar. A PwC não comentou por questões de sigilo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.