A demanda brasileira por petróleo deve ter, em 2017, a primeira alta desde 2014, conforme previsão apresentada nesta quinta-feira, 18, pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) por meio de seu relatório mensal, faltando apenas dados de um mês para o fechamento do ano. A entidade projeta uma expansão do consumo de 30 mil barris por dia (bpd) ante 2016, mas não cita qual foi o gasto do produto naquele ano.
“As expectativas para 2018 também são positivas, com os riscos que atualmente se inclinam para o potencial positivo, uma vez que a melhoria da atividade econômica no País está prevista para permanecer saudável”, considerou a instituição no documento.
As expectativas da Organização para o crescimento da demanda de petróleo na América Latina são semelhantes às projeções do mês anterior, com uma perspectiva ligeiramente melhor para a economia em relação ao ano anterior: de 50 mil bpd em 2017 e de 90 mil em 2018. Essas previsões, no entanto, estão condicionadas a melhorias globais das condições econômicas da região, com o Brasil como líder do crescimento da demanda de petróleo.
Especificamente sobre o Brasil, a Opep destacou que a demanda por petróleo aumentou pelo sétimo mês consecutivo em novembro, em cerca de 100 mil bpd na comparação anual, ou crescimento de 4%. “Essa elevação marca o terceiro maior aumento mensal de 2017 e reflete o ritmo acelerado na melhoria da economia”, enfatizou.
Em linha com a tendência observada nos últimos três meses, a demanda brasileira por todas as principais categorias de produtos petrolíferos aumentou, com a única exceção da gasolina. O consumo de gasolina diminuiu em novembro em 60 mil bpd, ou 7% na comparação anual, porque o produto, conforme a entidade, continua a ser menos competitivo para os motoristas do que o etanol. Ao mesmo tempo, a demanda pelo etanol permaneceu otimista em novembro, crescendo em cerca de 70 mil barris por dia, ou 33%, na comparação anual, com os motoristas aproveitando o diferencial de preços entre os dois produtos.
Além disso, a Opep registrou que a demanda por óleo diesel manteve seu impulso ascendente durante o mês de novembro de 2017, aumentando em cerca de 50 mil bpd, ou 5% de expansão em relação ao mesmo mês do ano anterior. O crescimento do uso de óleo combustível está em linha com as melhorias na economia do País, conforme a entidade.
Projeção menor
Na divulgação desta quinta da Opep, a entidade apresentou um leve ajuste para baixo em suas projeções para a produção brasileira da commodity em 2017. De acordo com o Relatório Mensal da instituição, a oferta doméstica deve ter sido de 3,31 milhões de barris por dia (bpd) no ano passado, e não de 3,32 milhões de bpd, conforme esperava no fim de 2017. Em novembro, a expectativa da entidade já tinha sido reduzida de 3,35 milhões de bpd para 3,32 milhões de bpd.
A revisão de 10 mil barris por dia de um mês para o outro se deu, conforme a Organização, devido ao menor fornecimento do que o esperado no quarto trimestre do ano. De qualquer forma, a nova estimativa representa uma elevação da produção de 170 mil bpd na comparação com 2016, que ficou em 3,14 milhões de bpd.
Citando fontes nacionais, a Opep salientou que a produção de líquidos do Brasil diminuiu ligeiramente em novembro de 2017 em 40 mil barris por dia ante outubro, para 3,28 milhões de bpd. A redução na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a queda foi de 20 mil bpd. A produção bruta, por sua vez, teve recuo de 32 mil bpd na comparação mensal, para uma média de 2,60 milhões de barris por dia, em função de manutenções e interrupções que não estava previstas.
A produção média de petróleo bruto no terceiro trimestre do ano passado no Brasil foi 110 mil de bpd maior, para uma média de 2,62 milhões de bpd, em relação ao mesmo período do ano anterior, mas também ficou menor do que o previsto devido a várias obras de manutenção e declínios “pesados” de produção na Bacia de Campos. Nesse campo, a produção de petróleo bruto diminuiu em 16 mil de bpd de outubro para novembro e caiu 210 mil bpd na comparação com idêntico mês de 2016.
Já na Bacia de Santos foi identificado um aumento da produção de 220 mil bpd em novembro de 2017 ante o mesmo mês do ano anterior. “De fato, o crescimento anual de Santos foi compensado por fortes declínios em Campos. De acordo com a Petrobras, uma queda de 30 mil bpd mensal na atividade do campo de Marlim Leste ocorreu devido à manutenção de uma plataforma na Cidade de Niterói”, registrou a Opep.
Os dados preliminares em dezembro, conforme a entidade, mostram que o suprimento de líquidos aumentou 130 mil bpd, para uma média de 3,41 milhões por dia, incluindo 2,70 milhões de bpd de petróleo bruto. A produção de petróleo bruto da Bacia de Santos – principalmente de reservatórios de pré-sal – deverá aumentar em 270 mil bpd na comparação com o mesmo mês de 2016, de acordo com a Organização.
2018
Para este ano, a instituição manteve a projeção de produção de 3,50 milhões de bpd pelo Brasil. A estabilidade da expectativa da oferta, porém, embute um crescimento maior da produção de um ano para o outro, já que a de 2017 foi revisada para baixo. No relatório mensal do mês passado, a Opep previa uma expansão de cerca de 170 mil barris por dia e agora já se aproxima de 190 mil bpd. A permanência dos números de 2018, entretanto, ocorre depois de duas revisões consecutivas para baixo pela entidade da estimativa para o período. Em dezembro, a aposta era de fornecimento de 3,52 milhões de bpd e, em novembro, de 3,59 milhões de bpd.
Há pouco mais de um ano, a Opep lidera um acordo com produtores de dentro e fora do cartel para limitar a oferta de petróleo no mundo. O pacto para reduzir a entrega da commodity em 1,8 milhão de barris por dia deve permanecer até o fim do ano. A intenção da entidade com essa estratégia é a de estancar a queda dos preços da commodity, que já durava dois anos até a decisão.
O Brasil foi convidado mais de uma vez a aderir ao movimento, mas o governo local rejeitou a proposta argumentando que investimentos haviam sido feitos no País e que a economia doméstica contava com a produção de petróleo para sair de sua mais profunda recessão econômica da história.
Autoridades brasileiras também justificaram que a decisão de produção não cabe apenas a empresas do governo, mas também a companhias privadas. Desde o fim de outubro, o Brasil passou a integrar, como um país associado, a Agência Internacional de Energia (AIE), com sede em Paris e que funciona como uma espécie de contraparte da Opep.