O Ibovespa operou nesta terça-feira, 23, descolado do exterior, com os investidores voltando os olhos mais para os riscos domésticos do que para as perspectivas positivas de crescimento global que se seguem. As incertezas com relação ao julgamento do recurso da condenação em primeira instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva serviram como mote para o movimento de realização de ganhos que acumulavam perto de 7% somente em janeiro.
O índice à vista resistiu na primeira etapa da sessão de negócios no patamar dos 81 mil pontos, mas acentuou a trajetória de queda no fim da manhã e largou esse nível. A desvalorização se deu em dia de alta do dólar frente ao real. Fechou aos 80.678,34 pontos com perda de 1,22%. O giro financeiro foi forte, de R$ 11,7 bilhões. Ainda assim, o Ibovespa está valorizado em 5,60% na conta do primeiro mês de 2018.
“Estamos descolados do mercado externo hoje com uma realização dado que amanhã há potencial para ser um dia bem volátil, além de ser seguido por um feriado. Faz sentido reduzir exposição a risco diante desse evento”, disse Hersz Ferman, da Elite Corretora, em relação ao julgamento e aos acontecimentos na seara política que vêm a reboque.
“Nem notícias corporativas estão fazendo preço, porque o pessoal está cauteloso”, disse Ferman. Assim, as ações da estatal brasileira do petróleo oscilaram com recuo entre 1% e 1,5% – fechando em queda entre 0,62% e 0,97% – , na contramão das cotações do petróleo no mercado internacional.
O desempenho negativo dos papéis das empresas do bloco de siderurgia, liderados pela Vale, ocorreram em reação à queda de 3% no minério de ferro no segmento à vista, na China e também em sintonia com as mineradoras na Europa. Com a queda de 4,17% na sessão desta terça, Vale ON praticamente devolve a maior parte dos ganhos de janeiro, acumulando variação de 1,52% neste mês.
De acordo com um operador, o recuo do Ibovespa só não foi maior porque o bloco financeiro deu sustentação no azul na maior parte do pregão, à exceção de ItauUnibanco, que fechou com perdas. As blue chips bancárias acumulam alta de mais de 10% agora em janeiro.