A perspectiva dos investidores de que a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fosse mantida por unanimidade pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) – o que acabou se confirmando – fez o dólar à vista fechar na casa dos R$ 3,17, no menor patamar em mais de três meses, depois de ter alcançado os R$ 3,15 durante a sessão. No mercado futuro, com a confirmação do placar de 3 a 0, a moeda americana para fevereiro fechou a R$ 3,15, em queda de quase 3%.
Contribuiu para a forte apreciação do real a queda generalizada da divisa americana no exterior. O dólar à vista terminou em baixa de 1,93%, a R$ 3,1734. É o menor valor de fechamento desde 18 de outubro de 2017, quando ficou em R$ 3,1679. O giro foi de US$ 1,349 bilhão. Na mínima, chegou a R$ 3,1524 (-2,58%) e, na máxima, a R$ 3,2316 (-0,13%). No mercado futuro, o dólar para fevereiro encerrou em queda de 2,81%, a R$ 3,1500.
O relator do caso, desembargador João Pedro Gebran, foi o primeiro a proferir seu voto. Ele decidiu aumentar a pena total imposta ao petista pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva no caso do triplex do Guarujá. Em vez de 9 anos e 6 meses, o magistrado pediu pena de 12 anos e um mês de reclusão de regime fechado.
Em seguida, o desembargador Leandro Paulsen, presidente da 8ª Turma do TRF-4 e revisor do processo, também decidiu pela manutenção da condenação de Lula pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Ele seguiu o relator e pediu que o petista cumpra 12 anos e um mês em regime fechado.
Terceiro e último a se manifestar, o desembargador Victor Laus acompanhou integralmente o voto dos outros dois desembargadores. Segundo ele, Lula deveria ter impedido o esquema de corrupção.
O dólar à vista já tinha encerrado os negócios quando Laus concluiu seu voto, mas no mercado futuro a divisa aprofundou a queda.
Com a condenação mantida em segunda instância, diminuem substancialmente as chances de que o petista seja candidato nas eleições presidenciais deste ano, mesmo recorrendo da decisão.
“O cenário externo também contribuiu para o otimismo doméstico, uma vez que as commodities subiram”, comentou Leandro Ruschel, sócio-fundador do Grupo L&S. A moeda americana recuava ante moedas fortes e emergentes.