Depois do fim do Inovar-Auto, em dezembro, a importação de automóveis de passageiros cresceu 87% no primeiro bimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Somente em fevereiro, o aumento foi de 124%. “Pode ser decorrente do fim da sobretaxa imposta pelo Inovar-Auto, mas não tem como afirmar. O principal fator é o aumento da demanda interna, já que 74% das origens são países que já tinham acordos comerciais com o Brasil e não foram atingidos pelo fim do Inovar-Auto”, explica o diretor de Estatísticas do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), Herlon Brandão.
Já as exportações do primeiro bimestre foram puxadas pelo crescimento nas vendas de bens manufaturados, que cresceram 32,9%. Entraram nessa conta a venda de uma plataforma de petróleo para os Países Baixos em fevereiro, no valor de US$ 1,5 bilhão. Apesar de a operação entrar como exportação para efeitos cambiais e financeiros, a plataforma continua em águas brasileiras.
Também contribuiu para o aumento a venda de automóveis, que cresceu 18% no bimestre, principalmente para países como Argentina, Chile, Peru e Colômbia. O aumento das vendas foi alvo, inclusive, de reclamação por parte dos argentinos, que notificou montadoras brasileiras que exportaram acima da cota prevista no acordo automotivo assinado entre os dois países. “O aumento nas exportações de automóveis para a Argentina é uma questão de mercado. Eles estão com a demanda aquecida”, ponderou Brandão.
Já os produtos básicos cresceram apenas 1,4% no bimestre, resultado da safra tardia de soja neste ano e da queda de preço do minério de ferro, entre outros fatores.
Para o ano, a previsão do governo é de um saldo comercial menor, impactado pela retomada das importações para fazer frente à recuperação da economia. A expectativa do governo é de um saldo em torno de US$ 50 bilhões, ante US$ 67 bilhões no ano passado.