O Brasil entrará imediatamente com recurso contra a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar o aço importado pelo país em 25%, com exceção do Canadá e México, que fazem parte do acordo do Nafta. De outro lado, governo brasileiro precisará colocar na sua mesa necessidade de proteção do mercado brasileiro, visto que o fluxo de aço que deixará de ser direcionado aos Estados Unidos poderá recair no Brasil, disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes.
“Esperamos agora que o Ministério da Fazenda tenha sensibilidade de que há uma guerra comercial detonada pelo Trump de proporções grandes”, disse Mello Lopes. Segundo ele, cerca de 20 milhões de toneladas deixarão de ser importadas pelos Estados Unidos com o aumento da tarifa e que esse volume irá para outras regiões e que, assim, o Brasil precisa se proteger.
O setor do aço defende há muito tempo a adoção de medidas protecionistas pelo governo brasileiro. “Há um grande excesso de capacidade global de aço. O Brasil já é vulnerável para o recebimento de volumes de importação”, disse. O excesso de capacidade de aço mundialmente é da ordem de 650 milhões de toneladas.
O presidente do IABr disse ainda que a expectativa do Brasil era ter se mantido de fora da medida, visto que o País exporta predominantemente aço semiacabado aos Estados Unidos, ou seja, é uma matéria-prima que é laminada pelas siderúrgicas do país. Das 4,7 milhões de toneladas exportadas ano passado aos Estados Unidos, 3,8 milhões de toneladas foram de aço semiacabado. No caso do Canadá, cerca de 90% do volume exportado é de material acabado. “Achamos que iríamos ficar de fora por causa da nossa complementaridade”, disse.