O cenário internacional adverso em uma semana de agenda carregada pesou sobre o mercado de câmbio brasileiro e o dólar fechou em alta de 0,36% nesta segunda-feira, 2, cotado a R$ 3,3151 no mercado à vista. Os atritos comerciais entre Estados Unidos e China, a crise das empresas de tecnologia americanas e a forte queda dos preços do petróleo foram os principais catalisadores da alta do dólar ante o real e outras moedas de países emergentes e exportadores de commodities. No cenário doméstico, a proximidade do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajudou a aumentar a busca por posições defensivas.
A divisa americana chegou a operar em baixa no período da manhã, mas o aumento da aversão ao risco, com forte queda das bolsas de Nova York, sobretudo do S&P-500, que operou abaixo do importante suporte dos 2.600 pontos. As ações de tecnologia voltaram a registrar fortes quedas, com destaque para os papéis da Amazon, depois que o presidente Donald Trump foi ao Twitter dizer que a empresa não paga todos os impostos que deveria e prejudica os Correios americanos.
Notícias que apontaram para a possibilidade de aumento da produção do petróleo levaram a commodity a quedas superiores a 2% nos mercados futuros de Nova York e Londres, o que também acabou por determinar o enfraquecimento das moedas de países exportadores de commodities.
O dia havia começado sob a repercussão do anúncio do governo da China de adotar tarifas, a partir de hoje, para 128 produtos dos EUA, no valor de aproximadamente US$ 3 bilhões. A notícia enfraqueceu o dólar ante moedas fortes e o Dollar Index (DXY) terminou o dia em baixa de 0,11%, aos 90,052 pontos.
“As fortes perdas das bolsas de Nova York mantiveram a aversão ao risco elevada, o que leva à depreciação dos ativos de países emergentes. Por outro lado, essa queda acentuada das bolsas acaba sugerindo um Fed mais dovish, o que de certa forma limita a escalada do dólar”, disse José Faria Junior, diretor da Wagner Investimentos. Segundo o profissional, outro fator que pode limitar a apreciação do dólar é a redução da confiança do consumidor diante da postura agressiva de Donald Trump.
Faria Junior acredita que o dólar deve continuar a oscilar no intervalo entre R$ 3,25 e R$ 3,35, com boas chances de queda para esta semana se o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitar o habeas corpus de Lula, em julgamento marcado para a próxima quarta-feira, 4. “Uma vez negado o HC, o dólar pode cair para algo em torno de R$ 3,27 ou R$ 3,28, o que se apresentará como um bom ponto de compra”, afirma.