Economia

Dinâmica de monopólio no refino não é boa para País e para Petrobras, diz Parente

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse nesta quinta-feira, 19, que é fundamental mudar a dinâmica do setor de refino do Brasil, pois do jeito que está, “não é boa nem para o País nem para a própria Petrobras”. Em evento na Fundação Getúlio Vargas para lançar a proposta de reposicionamento da Petrobras no setor de refino, Parente disse que o objetivo de reduzir a fatia da empresa no segmento para 75% ainda garante à estatal a integração com a cadeia (do poço ao posto).

Segundo ele, a queda de participação da estatal no segmento foi o que mais demorou a ser decidido nas discussões internas para preparação do novo modelo.

“O modelo apresentado mantém com a Petrobras 75% do refino nacional, assegurando a posição de empresa integrada. Sob o ponto de vista estratégico, (esse ponto) foi o que levou mais tempo na discussão interna”, disse Parente.

Segundo ele, manter o refino nas mãos de uma única empresa não é saudável, já que se essa companhia vai mal, o setor também vai mal. “Monopólio não é bom para a empresa e nem para o País”, afirmou.

Ele destacou que a gestão de portfólio é fundamental para uma companhia como a Petrobras e que as parcerias já demonstram no setor de exploração e produção e em outros segmentos que fazem bem para a estatal.

“Na área do E&P e na área do refino, essa gestão de portfólio para Petrobras é fundamental, como é feito em empresas do mundo inteiro”, explicou.

Segundo Parente, as parcerias estabelecem indicadores de referência elevados, e que “já entrou no DNA da empresa que as parcerias melhoram a companhia”. O executivo destacou ainda que a entrada de parceiros privados no setor de refino pode ajudar a manter os preços dos combustíveis livres.

A Petrobras passou a reajustar diariamente o preço dos combustíveis em julho de 2017, após anos de uma política de congelamento de preços para não repassar a oscilação do mercado internacional para o bolso do consumidor brasileiro.

Expectativa

O presidente da Petrobras espera aprovar internamente o plano de refino divulgado nesta quinta-feira em duas ou três semanas. Apesar da divulgação pública, as propostas ainda não passaram pela diretoria executiva e pelo conselho de administração da companhia.

Após a aprovação interna, as negociações em torno do plano vão durar o ano todo, segundo Parente.

Parente afirmou ainda que vai seguir as exigências do Tribunal de Contas da União (TCU) para fechar parcerias no setor. E que as eleições presidenciais devem, sim, influenciar o desenrolar do processo de abertura do mercado.

Venda total

Questionado sobre a possibilidade de a Petrobras vender todas as suas refinarias e não apenas participações em quatro, como anunciado nesta quinta-feira, o presidente da estatal afirmou que é uma “abordagem mais prudente” vender participações menores e assim evitar a resistência política dentro da companhia.

“Uma abordagem mais prudente pode garantir mais sucesso ao resultado final”, disse Parente.

O presidente da companhia afirmou ainda que a Petrobras não tem experiência em parcerias em refino e que não sabe se a proposta de se tornar minoritária em quatro unidades nas regiões Sul e Nordeste vai funcionar.

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