Os mercados acionários americanos voltaram a encerrar o dia em forte queda, à medida que investidores voltaram a apostar em um cenário de altas de juros mais aceleradas nos Estados Unidos. O noticiário corporativo também pesou e a queda de mais de 4% das ações da Apple minou o otimismo recente com companhias de tecnologia, que apresentaram forte recuo com balanços corporativos batendo à porta.
O índice Dow Jones fechou em queda de 0,82%, aos 24.462,94 pontos; o S&P 500 perdeu 0,85%, aos 2.670,14 pontos; e o Nasdaq cedeu 1,27%, aos 7.146,13 pontos. Na semana, no entanto, os três indicadores registraram ganhos: 0,41%; 0,55% e 0,65%, respectivamente.
A semana que começou otimista e com as ações voltando a ser procuradas nos Estados Unidos terminou pessimista e com os investidores acreditando que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode acelerar o ritmo de alta nos juros. Discursos de dirigentes da autoridade monetária contribuíram para o sentimento, que ganhou peso adicional do noticiário corporativo pouco positivo, embora balanços do primeiro trimestre continuem a superar as previsões de analistas quanto a lucro e receita.
A presidente da distrital de Cleveland do Fed, Loretta Mester, afirmou que altas graduais nas taxas de juros são necessárias para manter a recuperação econômica e disse que esse movimento irá blindar a economia de um superaquecimento. Ela defendeu, também, que a inflação em solo americano poderá voltar à meta de 2% do banco central neste ano e que a taxa de desemprego deve cair abaixo de 4% neste e no próximo ano.
Mester teve apoio de outros colegas do Fed. A diretora Lael Brainard apontou que a perspectiva econômica nos EUA é consistente com altas graduais nos juros e que “é encorajador” que a inflação esteja caminhando em direção à meta, movendo-se em linha com o esperado. Já o presidente da distrital de San Francisco do banco central, John Williams, comentou que o aumento nos juros irá continuar nos próximos anos, enquanto a economia está mudando para um cenário que contemple um conjunto mais equilibrado de riscos.
Com o pano de fundo de uma economia mais aquecida em solo americano, investidores se desfizeram de ações, com a crença de que, em breve, o dinheiro ficará mais caro nos EUA. Além disso, o noticiário corporativo não contribuiu para dar equilíbrio à maré baixista gerada pelo Fed.
A Apple foi a empresa que mais sofreu e viu suas ações perderem 4,10% e encerrarem o dia cotadas a US$ 165,72. O papel da companhia foi pressionado por projeções mais negativas da fabricante de chips Taiwan Semiconductor. Além disso, o Morgan Stanley reduziu o preço-alvo para a Apple, de US$ 203 para US$ 200, em meio a especulações de analistas sobre uma demanda futura menor de iPhones.
Com a queda da gigante, o subíndice de tecnologia do S&P 500 fechou em baixa de 1,51%, aos 1.154,71 pontos. Entre outras techs, a Intel perdeu 1,32%, a IBM cedeu 1,90% e a Microsoft caiu 1,15%.