Os mercados acionários europeus encerraram o pregão desta quinta-feira, 26, em alta, com os investidores digerindo a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e resultados corporativos de empresas da região. No âmbito político, a formação de um governo na Itália e o fim da visita do presidente da França, Emmanuel Macron, aos Estados Unidos também estiveram no foco.
O índice pan-europeu Stoxx-600 fechou em alta de 0,93% (+3,53 pontos), aos 383,70 pontos.
Como amplamente esperado pelos agentes do mercado, o BCE manteve sua política monetária inalterada. A principal taxa de juros, a de refinanciamento, continuou em 0%, enquanto a de depósitos seguiu em -0,40%. Após a decisão, o presidente da instituição, Mario Draghi, foi otimista em relação à economia da zona do euro. Para ele, a recente desvalorização na economia da região está relacionada a fatores temporários, como a onda de frio que atingiu a Europa entre fevereiro e março. “Os últimos dados sugerem ritmo moderado do crescimento desde o início de 2018”, disse.
Para analistas do BBVA, a postura dovish do banco central permanece em vigor já que a autoridade monetária reiterou a promessa de manter as taxas inalteradas até bem além do fim da compra de ativos. Eles apontam, ainda, que Draghi não pareceu muito preocupado com a recente moderação do crescimento econômico na zona do euro, mas foi cauteloso ao enfatizar que, embora os riscos permaneçam equilibrados, os fatores globais, incluindo a ameaça do protecionismo, “se tornaram mais pronunciados”.
Apesar do otimismo de Draghi com a economia, a postura dovish do conselho do BCE prevaleceu no mercado de bônus soberanos europeus, que passou por correção, após ter seguido o rumo tomado pelos Treasuries. O juro do Bund alemão de 10 anos caiu de 0,637% ontem para 0,595% e o yield do OAT francês de 10 anos recuou de 0,861% para 0,814%.
Com a acomodação monetária mantida pelo banco central e tendo o auxílio de balanços corporativos referentes ao primeiro trimestre, as bolsas registraram ganhos em solo europeu.
Em Frankfurt, o índice DAX fechou em alta de 0,63%, aos 12.500,47 pontos. Por lá, o Deutsche Bank caiu 1,30%, após ter registrado recuo de 79% no lucro líquido do primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2017, para 120 milhões de euros. O resultado levou o banco a anunciar que planeja cortes de empregos “significativos” até o fim do ano, principalmente em áreas corporativas, de infraestrutura e de bancos de investimentos. A reação do Deutsche Bank fez com que as ações subissem levemente, mas com a perspectiva de que os juros na zona do euro demorarão a subir, o papel do banco foi penalizado. Já a Volkswagen encerrou o dia com valorização de 2,66%, após a companhia ter registrado aumento da comercialização de veículos.
Na Itália, foram monitoradas notícias de que o Movimento 5 Estrelas está próximo de fechar uma coalizão de governo com o Partido Democrata, afastando as chances de uma administração eurocética no comando do país. Com isso, na bolsa de Milão, o índice FTSE-MIB fechou com valorização de 1,00%, aos 24.039,63 pontos. No campo corporativo, a Fiat Chrysler subiu 2,03%, após ver seu lucro avançar 60% na comparação anual do primeiro trimestre. Em Paris, o índice CAC-40 avançou 0,74%, aos 5.453,58 pontos.
A companhia de comunicações espanhola Telefónica também ampliou o lucro de janeiro a março, para 837 milhões de euros, de 779 milhões de euros vistos nos três primeiros meses do ano passado. A quantia superou as expectativas de analistas consultados pela empresa, de lucro de 801 milhões de euros no período. Os papéis da companhia subiram 0,79% e ajudaram o índice Ibex-35 a fechar em alta de 0,45%, aos 9.902,30 pontos.
Em Londres, o índice FTSE-100 avançou 0,57%, aos 7.421,43 pontos; enquanto o PSI-20, da bolsa de Lisboa, destoou das outras praças e fechou em queda de 0,38%, aos 5.516,79 pontos. (Com informações da Dow Jones Newswires)