Os juros futuros confirmaram no fechamento da sessão regular desta terça-feira, 8, a alta firme que vinham mostrando desde a abertura dos negócios, em função do mau humor no cenário externo e do avanço do dólar ante o real, que nas máximas desta terça chegou perto dos R$ 3,60. A expectativa, confirmada no meio da tarde, de que os Estados Unidos deixariam o acordo nuclear do Irã trouxe aversão ao risco, penalizando ativos de economias emergentes em geral.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2019 fechou em 6,330%, de 6,299% no ajuste de segunda-feira e a taxa do DI para janeiro de 2020 subiu de 7,13% para 7,27%. A taxa do DI para janeiro de 2021 encerrou a 8,29%, de 8,16% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2023 terminou com taxa de 9,48%, de 9,33%.
Nos juros, houve avanço em todos os vértices da curva, mas o movimento foi mais forte justamente nos trechos de médio e longo prazos, mais sensíveis ao exterior. A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, amplia o risco de tensões geopolíticas, o que leva o investidor a buscar a segurança de moedas como o iene e do ouro, vendendo ações e ativos de economias emergentes, como o real brasileiro.
A medida tem o potencial de fortalecer os conservadores no governo de Teerã, provocar uma corrida armamentista no Oriente Médio e risco de conflito na região, afetando a credibilidade internacional de Washington. Os EUA restabelecerão todas as sanções econômicas que haviam sido suspensas em razão do pacto, no “nível mais alto” de medidas punitivas contra o país persa. E Trump prometeu que, se o Irã mantiver suas “aspirações” nucleares, “enfrentará os maiores problemas que já teve até hoje”.
Na ponta curta, as taxas subiram refletindo maior ceticismo sobre a possibilidade de queda da Selic em maio, em função da escalada do dólar. A precificação da curva, nos cálculos do economista-sênior do Haitong Banco de Investimento, Flávio Serrano, era no período da tarde desta terça de corte de 14 pontos-base, ante 17 pontos da segunda-feira.
Com isso, atualmente a curva aponta 55% de possibilidade de redução da taxa em 0,25 ponto porcentual, e 45% de chance de manutenção em 6,50%, ou seja, um quadro já dividido nas apostas do mercado.