O grupo asiático Asia Pacific Resources International Holdings (April) está em negociações avançadas para comprar a companhia paulista de celulose Lwarcel, do grupo Lwart, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. O ativo, avaliado em aproximadamente R$ 2 bilhões, é hoje um dos poucos disponíveis para processos de aquisição no Brasil, na esteira da megafusão entre Fibria e Suzano, anunciada em março, e da compra da Eldorado pela Paper Excellence, no ano passado.
Fontes de mercado afirmaram que a Royal Golden Eagle (RGE), braço de celulose da April, que pertence à família indonésia Sukanto, tem um contrato de exclusividade por 60 dias para fechar o negócio. A Lwarcel, que pertence à família Trecenti e tem sede em Lençóis Paulista (SP), está há pelo menos cinco anos em busca de um sócio, mas não descartaria vender 100% da unidade.
Com capacidade atual de produção de 250 mil toneladas, a Lwarcel tem na gaveta um projeto de expansão que lhe permitiria até quintuplicar de tamanho – o grupo já teria em mãos boa parte das florestas necessárias para cumprir essa meta.
Para levar a expansão a cabo, no entanto, a Lwarcel vai precisar investir cerca de US$ 1,5 bilhão (ou R$ 5,4 bilhões, pelo fechamento do câmbio desta sexta-feira, 11), segundo fontes de mercado. Esse é um movimento difícil para uma empresa familiar brasileira – que planejava o projeto há vários anos -, mas possível para um grande grupo asiático.
A Lwarcel, que era considerada pouco relevante no setor, mudou de patamar após a
fusão entre Fibria e Eldorado, que ainda depende de aprovação, e a compra da Eldorado, que pertence ao grupo J&F, pela Paper Excellence, a ser finalizada no segundo semestre.
Nos últimos meses, os donos da companhia de celulose chegaram a conversar com diversos grupos, incluindo a Suzano – antes da fusão com a Fibria – e as portuguesas Altri e Navigator. Após a redução das opções disponíveis em celulose no País, a Lwarcel virou alvo de grupos asiáticos, que querem garantir produto para abastecer o continente, em especial a China.
Fundado em 1975, o grupo Lwart, do qual a Lwarcel faz parte, é também proprietário de um negócio de rerrefino de óleo combustível, que aproveita lubrificantes usados de automóveis e maquinários.
Mercado
O momento é favorável para o setor de celulose, segundo Carlos Farinha, vice-presidente da consultoria Pöyry. “É um momento positivo para exportar a partir do Brasil, tanto pelo preço do produto quanto pelo comportamento do câmbio”, diz. O cenário de preço deve seguir positivo, diz o executivo, porque não há previsão de inaugurações de fábricas de tamanho relevante no horizonte.
O interesse em aquisições, explica Farinha, é alto porque os grandes grupos não querem ter de reunir ativos florestais – o que, além de custar dinheiro, leva tempo. O executivo diz que comprar uma unidade acaba sendo mais barato do que construir uma fábrica do zero.
Procurada, a RGE informou que a companhia está sempre monitorando oportunidades de negócio e que não falaria sobre especulações de mercado. A Lwarcel disse que não comenta processos em andamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.