Economia

Diminuiu a chance de inflação ficar abaixo da meta no horizonte relevante, diz BC

O Banco Central avalia que a inflação indica níveis confortáveis nos vários cenários avaliados para a manutenção do juro básico da economia na semana passada. “O Copom considera esses níveis confortáveis e, tendo em conta o atual balanço de riscos, julga terem diminuído as chances de a inflação permanecer abaixo da meta no horizonte relevante”, cita o parágrafo 14 da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta manhã de terça-feira, 22.

O documento cita que no cenário de mercado – que usa juros e câmbio extraídos da pesquisa Focus – as projeções de inflação “apresentaram pequenos recuos em relação às projeções produzidas à época da reunião do Copom em março”.

Já no cenário de referência – aquele com taxas de juros e câmbio constantes – as projeções para 2018 e 2019 encontram-se em torno de 4,0%. “Um pouco acima” dos níveis observados no cenário de mercado, diz o documento.

Comportamento favorável

O Copom acredita que a trajetória da inflação “permanece favorável” e cita como argumento o fato de que “diversas medidas de inflação subjacente” seguem em níveis ainda baixos, inclusive os preços de serviços.

Diante dessa avaliação, o Banco Central acredita que a trajetória dos índices é compatível “com a convergência da inflação em direção às metas no horizonte relevante para a política monetária”.

Segundo a ata do Copom, ao avaliar os riscos relacionados aos preços, os diretores reafirmaram o risco baixista gerado pela permanência de “medidas de inflação subjacente em patamares baixos”.

Por outro lado, o documento nota que há expectativa de que a recuperação da atividade econômica em curso “contribua para elevação da inflação subjacente rumo às metas no horizonte relevante”.

Entre os demais fatores que podem acelerar preços, o documento destaca que persistem “riscos associados à continuidade da reversão do cenário para economias emergentes num contexto de frustração das expectativas sobre as reformas e ajustes necessários na economia brasileira”.

Diante esses riscos, o Comitê repetiu o entendimento de que “a evolução recente dessas dimensões em conjunto resultou em mitigação do risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas”. Por isso, manteve o juro na semana passada.

Fatores de risco

O Banco Central voltou a afirmar nesta terça, por meio da ata, que seu cenário básico para a inflação envolve fatores de risco “em ambas as direções”. Por um lado, conforme o BC, a possível propagação, “por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado”.

Por outro lado, o BC afirma que uma “frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária”.

De acordo com o BC, este risco ligado ao andamento das reformas “se intensifica no caso de continuidade da reversão do cenário externo para economias emergentes”. Conforme o BC, este último risco – ligado ao processo de elevação dos juros em economias centrais – se intensificou desde o último Copom.

As ideias relacionadas aos riscos, expressas pelo Copom na ata, repetem o que havia sido publicado pela instituição no comunicado da semana passada, quando o colegiado manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 6,50% ao ano.

Política monetária

O Banco Central voltou a reafirmar que eventual reação da política monetária só ocorre aos efeitos secundários sobre os preços. Não parágrafo 15 da ata, o documento cita especificamente que eventual reação a “choque externo que produza depreciação cambial” seguirá o mesmo princípio da reação ao choque desinflacionário observado nos alimentos.

“O Comitê reiterou o entendimento de que, com expectativas de inflação ancoradas, eventuais choques que produzam ajustes de preços relativos devem ter apenas seus efeitos secundários combatidos pela política monetária”, cita o trecho do documento. O Comitê argumenta que esse princípio vale para choques nos dois sentidos – seja inflacionário ou desinflacionário. Essa reação a “possíveis mudanças de preços relativos será simétrica”.

“Ou seja, a política monetária seguirá os mesmos princípios tanto diante de choques inflacionários como no caso de um choque externo que produza depreciação cambial quanto desinflacionários como no caso de um choque favorável nos preços de alimentos”, cita o documento.

Repasse da alta do dólar

Os diretores do Banco Central acompanharão eventual repasse da alta do dólar sobre os preços da economia. A afirmação consta da ata e ocorre após a expressiva desvalorização das moedas emergentes nas últimas semanas, inclusive o real brasileiro.

“O Comitê decidiu acompanhar as diferentes medidas de repasse cambial tanto para a inflação quanto para medidas de inflação subjacente”, cita o documento no parágrafo 16. Nesse trecho, o documento reafirma que a política monetária “deve reagir a choques que produzam ajustes de preços relativos”. Por isso, os membros do Comitê discutiram e avaliaram o grau de repasse cambial na economia brasileira.

Após o debate, os diretores do BC “concluíram que a intensidade do repasse depende de vários fatores, como, por exemplo, do nível de ociosidade da economia e da ancoragem das expectativas de inflação”.

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