Mesmo com um novo controlador favorável à consolidação do mercado, a TIM Brasil espera manter intocada a estratégia de negócios para os próximos três anos no País, o que exclui conversas no curto prazo para uma potencial compra da Oi, afirmou o diretor-presidente da TIM Brasil, Stefano De Angelis.
O fundo americano Elliott, do bilionário Paul Singer, conseguiu eleger em assembleia neste mês dois terços do conselho de administração da Telecom Itália, dona da TIM Brasil, além de promover mudanças na diretoria executiva do grupo. O Elliott detém 8,8% das ações da Telecom Itália e vinha trocando farpas com a empresa francesa de mídia Vivendi, que tem 23,9% das ações e ficou com um terço do colegiado.
O Elliott reclamava da condução dos negócios pelos gestores indicados pela Vivendi e, há poucas semanas, fez uma apresentação a investidores na qual expôs sua visão sobre como destravar valor da Telecom Itália. Entre outras iniciativas, os americanos sugeriram a venda de ativos na Europa e uma consolidação no mercado brasileiro – o que pressupõe a união de TIM e Oi. Até aqui, foi apenas uma sugestão, sem data para ser colocada em prática. Mas com a posse do novo conselho, esse tema será oficialmente discutido pelo comitê estratégico do grupo.
O reequilíbrio de forças do outro lado do Oceano Atlântico despertou a atenção de investidores sobre o futuro dos negócios por aqui. As ações da TIM caíram 13% neste mês em meio a diversas desconfianças do mercado, mesmo após a operadora ter apresentado um balanço saudável, com expansão de 90% do lucro líquido no primeiro trimestre ante igual período do ano anterior, atingindo R$ 250 milhões.
De Angelis pondera que uma consolidação seria prematura e repleta de riscos, tendo em vista que a Oi ainda está implementando o plano de recuperação judicial homologado em janeiro, que prevê capitalização e consequente mudança no quadro de acionistas. Em paralelo, o Congresso discute a atualização do marco regulatório do setor, que poderia liberar a Oi de obrigações como manutenção de orelhões.
Nada concreto
“A Oi está em uma situação de indefinição, o que significa mais riscos do que oportunidades neste momento. Não temos planos concretos nem para avaliar essa operação (de potencial compra)”, afirmou De Angelis. Para ele, a discussão sobre uma consolidação seria imatura antes de 2019.
Questionado se o controle nas mãos do fundo Elliott poderia levar a uma aceleração do movimento de consolidação, o executivo respondeu: “Acho que não, porque é preciso ter visibilidade sobre os riscos e as oportunidades, e isso independe de qualquer acionista”.
O plano estratégico da TIM Brasil divulgado há dois meses prevê investimentos de R$ 12 bilhões entre 2018 e 2020. Nesse período, a companhia quer crescer nos planos de telefonia móvel pós-pagos e serviços de ultra banda larga – ambos voltados para clientes de alta renda. Em paralelo, aprofundará o corte de custos operacionais por meio da digitalização do atendimento aos consumidores via aplicativos. Assim, a operadora quer chegar a 2020 com uma margem de lucro operacional de 40% ante o patamar atual de 35%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.