Em mais de 100 anos de história, nenhum técnico foi tão vitorioso à frente do Corinthians quanto Tite. Campeão paulista, da Recopa Sul-Americana, da Libertadores e do Mundial de Clubes da Fifa, o treinador se tornou agora bi do Campeonato Brasileiro. O gaúcho de 54 anos nascido em Caxias do Sul, aliás, é o primeiro treinador a faturar dois títulos do Brasileirão pelo clube alvinegro.
Tite ganhou destaque como treinador no início dos anos 2000, com o improvável título gaúcho de 2000 com o Caxias. Foi para o Grêmio, no qual se sagrou campeão da Copa do Brasil de 2001 vencendo justamente o Corinthians na decisão. De lá, rodou pelo Brasil, tendo passado por Atlético-MG, São Caetano, Internacional e até pelo principal rival corintiano, o Palmeiras.
Mas não dá para negar o vínculo do treinador com o clube de Parque São Jorge. Em sua terceira passagem por lá, Tite escreveu de vez seu nome na história corintiana com a conquista deste Brasileirão, que premiou uma equipe forte e que pareceu muito mais madura taticamente que seus adversários ao longo da competição.
Esta maturidade é fruto da evolução do próprio Tite. Conhecido outrora como “retranqueiro”, o treinador soube se reinventar ao longo da carreira, principalmente no ano que passou afastado do futebol, em 2014. Estudou, fez estágio na Europa e voltou ao Corinthians com uma nova ideia de futebol, promovendo um estilo bem mais ofensivo e envolvente do que o anterior e com o qual os torcedores estavam acostumados.
Além das qualidades já conhecidas e tão exaltadas pelos jogadores, como a honestidade e o caráter, Tite mostrou-se mais uma vez um técnico extremamente competitivo. Reorganizou o Corinthians defensivamente, deixando o time mais compacto e pressionando o adversário no campo de ataque, e ofensivamente imprimiu um estilo envolvente, de toque de bola rápido e muita movimentação, embalado pelos ótimos momentos de Elias, Jadson e Renato Augusto.
Este “novo Tite” pouco parece com aquele técnico que chegou ao Corinthians pela primeira vez em 2004. Na ocasião, assumiu um time enfraquecido, repleto de medalhões e que brigava para não cair no Campeonato Brasileiro. Deu chances aos garotos e comandou uma incrível reação que terminou com a quinta posição daquele ano.
Passaram-se mais de cinco anos até que Tite voltasse para o Corinthians em 2010, na reta final daquele Campeonato Brasileiro. Perdeu o título, foi eliminado pelo Tolima na pré-Libertadores do ano seguinte, mas foi mantido. A decisão se mostrou acertada e o técnico comandou o momento mais vitorioso da história do clube, com a tão esperada Libertadores e o Mundial.
Em 2015, Tite viveu situação semelhante. Apesar do ótimo início de temporada, viu o Corinthians cair precocemente na Libertadores e no Paulista, com derrotas doídas para o Guaraní-PAR e o Palmeiras, além de ter sido eliminado pelo Santos com duras derrotas no mata-mata da Copa do Brasil. Mesmo assim, foi bancado pela diretoria, reorganizou a equipe ao longo do Campeonato Brasileiro, após as saídas de pilares como Fábio Santos, Emerson e, principalmente, Guerrero, e foi recompensado com seu sexto título pelo clube.