A cada dia que passa o atletismo Quênia se aproxima de ter o mesmo fim da Rússia, que está suspensa das competições internacionais por causa dos seguidos casos de doping. Nesta segunda-feira, o Comitê de Ética da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) anunciou a suspensão de três dirigentes quenianos por “subversão potencial” do sistema antidoping do país. Entre os punidos está o presidente da entidade, Isaiah Kiplagat.
Junto com Kiplagat, também foram suspensos por 180 dias o vice-presidente David Okeyo, que é membro de um dos conselhos da IAAF, e Joseph Kinyua, que foi chefe de delegação do Quênia no Mundial de Atletismo deste ano, em Pequim (China). Naquela competição, duas atletas quenianas foram pegas no doping.
A IAAF afirmou recentemente que desde março está investigando um suposto esquema de doping no atletismo queniano e explicou nesta segunda que a suspensão dos três segue “os interesses da integridade do esporte”, sem dar mais detalhes sobre o caso.
Mas não foi só o doping que derrubou os três, que também são acusados de corrupção. Kiplagat é investigado pelo desvio de US$ 700 recebidos pela federação queniana pelo patrocínio da Nike. De acordo com a IAAF, ele agora é também investigado por ter recebido dois carros da federação do Catar, supostamente em troca de voto para Doha ser escolhida sede do Mundial de 2019.
Na sexta, tentando mostrar repúdio ao doping, a federação queniana anunciou de uma só vez a suspensão de sete atletas do país, todos com penas duríssimas. Na lista está até uma campeã mundial: Emily Chebet, que em 2010 e em 2013 venceu o Mundial de Cross Country, disciplina que não é olímpica.
Chebet testou positivo para um diurético e para o agente mascarante furosemida, recebendo uma punição exemplar: quatro anos de suspensão, retroativa a julho de 2015, quando foi flagrada. Ficará sem competir até meados de 2019. Em março, ela foi sexta colocada no Mundial deste ano.
Francisca Koki, campeã queniana do 400m com barreiras, e Joyce Sakari, recordista nacional dos 400m rasos, que foram excluídas do Mundial, também testaram positivo para furosemida e pegaram quatro anos de suspensão.
Agnes Jepkosgei, maratonista que é só a 229.ª do ranking mundial, é outra das atletas punidas com quatro anos de suspensão. Bernard Mwendia, Judy Jesire e Lilian Moraa, que participam de corridas de rua, pegaram gancho de dois anos.
Desde 2012, cerca de 40 atletas do país já falharam em exames antidoping, incluindo Rita Jeptoo, pega no doping dias depois de receber US$ 500 mil como premiação por ter sido campeã do principal circuito de maratonas do mundo.