Esportes

Despoluição da Baía de Guanabara e campo de golfe preocupam o Rio para 2016

O Rio de Janeiro está em contagem regressiva para o início dos Jogos Olímpicos. Mas, a 500 dias da grande festa esportiva, muita coisa ainda precisa ser feita e alguns problemas necessitam de solução, como o caso do campo de golfe em uma reserva de proteção ambiental e o da despoluição da Baía de Guanabara, onde serão disputadas as competições de vela.

Até o momento, o custo dos Jogos está estimado em R$ 37,7 bilhões, considerando os investimentos em infraestrutura e no legado. A última versão da Matriz de Responsabilidade, que lista os projetos dos locais de disputa das competições olímpicas e paralímpicas, atingiu um valor de R$ 6,6 bilhões, R$ 100 milhões a mais do que na versão anterior. A Copa do Mundo de 2014 custou R$ 27,1 bilhões, dos quais pouco mais de R$ 8 bilhões gastos nos estádios, segundo o governo brasileiro.

Além do esforço para deixar tudo pronto até o dia 5 de agosto de 2016, existe a tentativa de colocar o Brasil no mapa esportivo mundial. O sonho dos dirigentes é que o País fique entre as dez melhores delegações no quadro de medalha em um evento cheio de estrelas internacionais.

POLUIÇÃO NA BAÍA – A 500 dias da Olimpíada, o governo do Rio não cumpriu nem metade da meta de “coletar e tratar 80% de todos os esgotos” lançados na Baía de Guanabara. Apresentado em 2009 ao Comitê Olímpico Internacional (COI), o compromisso foi anunciado na época como principal “legado” dos Jogos na área ambiental. Seis anos se passaram e a baía continua recebendo 10 mil litros por segundo de esgoto sem tratamento.

Cerca de 4,2 milhões de pessoas ainda vivem sem saneamento básico nos 15 municípios do entorno. O esgoto coletado e tratado representa hoje cerca de 35% do total produzido, segundo números obtidos com técnicos da Secretaria do Ambiente – na Olimpíada, a baía receberá as provas de iatismo.

Para piorar a situação, um programa de recolhimento de lixo flutuante iniciado em 2014 foi interrompido em fevereiro por falta de verba, sob alegação de ineficiência – oficialmente, eram recolhidas em média 50 toneladas por mês.

No início de março, após a interrupção do projeto dos Ecobarcos e Ecobarreiras causar polêmica, o governo anunciou a importação de um programa da Holanda para ajudar na coleta de resíduos sólidos. Entretanto, universidades do Rio têm modelos semelhantes, que usam informações de correntes marítimas e ventos para prever onde haverá maior concentração de detritos.

“Já fazemos isso desde o acidente que ocorreu na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) em 2000. A baía é nosso laboratório permanente. O que espanta é o governo colocar que isso vai resolver o problema do lixo flutuante”, disse Luiz Landau, que coordena o Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia da Coppe/UFRJ. “É um sistema trivial, que ajuda, mas não pode ser apresentado como solução mágica. O que resolve é não deixar chegar o lixo dos rios, com programas de educação ambiental e de habitação para evitar ocupações irregulares, entre outras ações”. Landau diz que o programa poderia ser oferecido de graça, mas afirma que não foi procurado.

A promessa da gestão do PMDB para a Olimpíada não foi a primeira a naufragar. Anunciado durante a Rio-92, o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara começou a ser executado em 1995 e foi prorrogado sete vezes.
Consumiu mais de US$ 1,2 bilhão e continua inacabado. Em 2012, um novo empréstimo de US$ 452 milhões foi aprovado. Enquanto isso, rios de esgoto continuam escorrendo em galerias nos fundos da churrascaria Fogo de Chão, na Enseada de Botafogo e na Marina da Glória, que será palco das provas de vela em 2016.

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