O sorriso amarelo e a comemoração tímida dos 39 mil torcedores ao final da vitória do Palmeiras sobre o Santos por 1 a 0, neste domingo, na primeira partida da final do Campeonato Paulista, mostraram que ficou faltando algo mais. Com um jogador a mais desde os 11 minutos do segundo tempo, o time alviverde perdeu um pênalti com Dudu e, com este erro, desperdiçou a chance de entrar no segundo jogo mais tranquilo na Vila Belmiro. No próximo domingo, o Palmeiras joga pelo empate. Vitória por dois ou mais gols dá o título ao Santos.
O mistério que os técnicos fizeram sobre a escalação de Valdivia e Robinho era dúvida legítima mesmo, como fazer para erguer uma casa sem suas vigas. Sem os dois craques, que estavam contundidos, os times tiveram de se reinventar. No Palmeiras, foi fácil escalar Leandro no ataque e avançar Robinho. O chileno, afinal, é uma presença ausente na equipe. O time teve o leme do jogo desde o início e foi mais objetivo.
O treinador Oswaldo de Oliveira não contava, no entanto, que ficaria sem Arouca, outra viga mestra, por causa de um problema muscular. Arouca – mais que Valdivia – é uma falta a ser sentida. Aí, novamente fizeram diferença as inúmeras – e boas – contratações feitas pelo Palmeiras (20 ao todo). O meia Cleiton Xavier entrou e mudou o time para melhor. Ele até participou do lance do gol, aos 29 minutos, mas ainda não é o momento de analisar a vantagem palmeirense.
Primeiro é preciso destacar que o Santos passou o jogo inteiro sentindo a falta de Robinho. Chiquinho tentou ocupar aquele espaço, mas o time perdeu técnica e força. Lucas Lima ficou sobrecarregado na armação e as tabelinhas escassearam. O melhor lance gol foi um chute de Ricardo Oliveira.
O substituto de Robinho na prática foi Geuvânio, não pela posição, mas pela eficiência e habilidade. Tirou Zé Roberto e Gabriel para dançar em quase todos os lances no primeiro tempo. Foram dribles bonitos, daqueles de encher os olhos, mas perdidos no meio. Faltou pegada à equipe santista.
Os ataques do Palmeiras não tinham aquela beleza plástica de uma caneta ou de um chapéu, mas eram precisos, quase alemães. Foi assim que o time abriu o placar. Em uma jogada com a participação de Cleiton Xavier – olha ele aí -, Robinho e Lucas, Leandro finalizou bem. Foi quase um replay do tento contra o Botafogo, pelas quartas de final. Gol de time que treina e pensa com um cabeça só.
A força coletiva manteve o Palmeiras no comando da partida no segundo tempo. E, aos 11 minutos, virou de um time só definitivamente. O zagueiro novato Paulo Ricardo fez pênalti em Leandro e acabou expulso. Na batida, Dudu chutou por cima e jogou fora a chance de encaminhar o título.
Virou o jogo de um time só porque o Santos colocou todos os seus 10 jogadores atrás da linha da bola e tentou espichar qualquer sobra para Ricardo Oliveira. Ela veio cinco minutos depois. O artilheiro do Campeonato Paulista, com 10 gols, bobeou uma fração de segundo antes de finalizar, e Vitor Hugo salvou. Foi um carrinho tão importante como um gol.
Vários fatores explicam o fato de o Palmeiras não ter conseguido sufocar o rival em sua casa, mesmo com um homem a mais desde os 11 minutos da etapa final. Foi só aos 35 que a comissão técnica trocou Robinho por Kelvin, para deixar o time mais ágil e leve na frente. O Santos conseguiu se reorganizar graças à boa atuação tática de Chiquinho e Lucas Otávio. Dudu se abateu após perder o pênalti e Cleiton Xavier e Rafael Marques sumiram do jogo. O Santos saiu no lucro.
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS 1 x 0 SANTOS
PALMEIRAS – Fernando Prass; Lucas, Victor Ramos, Vitor Hugo e Zé Roberto; Gabriel, Arouca (Cleiton Xavier), Robinho (Kelvin) e Dudu; Rafael Marques e Leandro (Gabriel Jesus). Técnico: Oswaldo de Oliveira.
SANTOS – Vladimir; Cicinho, David Braz, Paulo Ricardo e Victor Ferraz (Jubal): Lucas Otávio, Renato, Chiquinho e Lucas Lima; Geuvânio (Gabriel) e Ricardo Oliveira (Leandrinho). Técnico: Marcelo Fernandes.
GOL – Leandro, aos 29 minutos do primeiro tempo.
CARTÕES AMARELOS – Vitor Hugo, Gabriel e Victor Ramos (Palmeiras); Lucas Lima (Santos).
CARTÃO VERMELHO – Paulo Ricardo (Santos).
ÁRBITRO – Vinícius Furlan.
RENDA – R$ 4.181.281,25.
PÚBLICO – 39.479 pagantes.
LOCAL – Estádio Allianz Parque, em São Paulo (SP).