Dos quatro destaques brasileiros da etapa da Copa do Mundo de Ginástica Artística em São Paulo, só um estará nos Jogos Pan-Americanos, em julho, em Toronto. O campeão olímpico Arthur Zanetti e o cinco vezes medalhista mundial Diego Hypolito disputam uma única vaga na equipe que vai ao Canadá com Ângelo Assumpção (campeão no solo em São Paulo) e Henrique Medina Flores (prata nas argolas). Além disso, existe a possibilidade real de a mesma disputa valer por um lugar no Mundial de outubro, em Glasgow (Escócia).
“O objetivo para o Pan é preparar a equipe para o Mundial, quando a gente vai brigar para ficar novamente entre os oito e garantir a vaga olímpica”, contou o técnico Marcos Goto, que levou Zanetti ao ouro olímpico e que, desde o início do ano, divide o comando da seleção brasileira com Renato Araújo (ex-Flamengo).
Após a saída do bielo-russo Vladimir Vatkin, uma comissão técnica nacional assumiu a função prometendo não se deixar influenciar por afinidades. Os treinadores usam a calculadora para montar a equipe que vai ao Pan e, depois, ao Mundial. O time de Toronto terá quatro generalistas (que pontuam em todos os aparelhos) e apenas um especialista.
“Se você tem três ou quatro generalistas, tem menos chances de alguém errar e o aparelho ficar descoberto”, explicou Goto, lembrando que três notas por aparelho são consideradas para a equipe. Com Zanetti e Hypolito ao mesmo tempo no time, o Brasil fica sem margem de erro em três dos seis aparelhos da ginástica.
Atualmente a seleção tem seis generalistas, que brigam por quatro vagas na equipe Pan: Arthur Nory, Caio Campos, Francisco Barreto, Lucas Bittencourt, Péricles Silva e Pétrix Barbosa. Os demais, incluindo Zanetti, Hypolito, Ângelo e Henrique, disputam a outra credencial.
A decisão virá na ponta do lápis. “No fim de abril, fechamos a quarta avaliação interna. Daqui a duas semanas, temos as últimas duas avaliações em Portugal”, explicou Goto, que prefere não revelar o resultado das primeiras avaliações e admite que o desempenho no ginásio do Ibirapuera também vai influenciar a decisão.
Após definir os quatro generalistas, os técnicos da seleção vão simular a equipe com cada um dos especialistas. O que proporcionar um resultado final melhor na ponta do lápis fecha a equipe.
MUNDIAL – Ouro olímpico em 2012 e vice-campeão mundial no ano passado, Zanetti pode ficar fora do Mundial? “Pode”, respondeu Goto, direto e reto, sem maiores detalhes. O pupilo do treinador é o melhor do mundo nas argolas, mas o foco total em Glasgow será o resultado por equipes. E Zanetti não vem se apresentando bem nos demais aparelhos para os quais treina: salto e solo.
De acordo com Goto, entretanto, a equipe do Mundial, com seis atletas, só será definida após o Pan. O time terá o reforço de Sergio Sasaki, um dos melhores do mundo no individual geral, que está machucado e não vai ao Canadá. Em Glasgow, a equipe pode ter até cinco “generalistas”, o que faria Diego e Zanetti voltarem a disputar uma única vaga.
Com a vaga olímpica garantida, tudo muda. Nos Jogos, a meta será brigar pelo maior número de medalhas possíveis, com o resultado por equipes ficando em segundo plano. Aí, Zanetti, Hypolito e os demais especialistas é que sairão na frente.