Parte das instalações esportivas que receberão as competições da Olimpíada de 2016 está em fase avançada de construção e elas já podem ser avistadas, sobretudo na zona oeste, nas regiões da Barra da Tijuca e Deodoro. A um ano do início dos Jogos Olímpicos, em contagem regressiva de 365 dias que será iniciada com série de eventos nesta quarta-feira na Cidade das Artes, os organizadores dos Jogos do Rio estão confiantes de que os estádios e demais equipamentos serão entregues no prazo planejado, dado o adiantamento das obras.
A situação, porém, não é tão simples, pois há esportes que ainda não têm local de competição e a despoluição da Baía de Guanabara continua em ritmo lento.
Em dificuldades financeiras, o governo do Estado do Rio não pôde arcar com os R$ 60 milhões necessários à reforma do parque aquático Julio Delamare, no complexo esportivo do Maracanã (zona norte), que receberia as provas preliminares do polo aquático.
Até o momento o comitê organizador Rio-2016 não definiu onde as partidas serão realizadas. É provável que ocorra a transferência para o Parque Olímpico da Barra, o que demandaria a construção de uma nova piscina estimada em R$ 30 milhões.
O Comitê Rio-2016 terá de custear a adequação de uma quadra de aquecimento já existente e a construção de outra, provisória, no ginásio do Maracanãzinho, que receberá as disputas do vôlei. O governo fluminense também descartou reformar o Maracanã, palco das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos. O estádio será entregue da forma que está.
Outro ponto que tem gerado polêmica é a reforma do Engenhão, na zona norte. Construído para o Pan-2007, o estádio sofreu problemas estruturais na cobertura no início de 2014. Desde então passa por obras que deveriam ter terminado no fim de julho. Um novo prazo ainda não foi dado pela prefeitura.
Depois da reestruturação da cobertura, haverá a adequação do estádio à disputa do atletismo e ao torneio de futebol. “Nosso estádio olímpico tem áreas disponíveis muito menores que Pequim (sede dos Jogos de 2008). Isso demanda negociação com a federação internacional”, disse Rodrigo Garcia, diretor de esportes do Rio-2016. “Vamos cumprir os requerimentos básicos, mas eles sempre querem áreas a mais.”
Garcia é responsável por negociar com as federações internacionais os projetos técnicos e esportivos dos Jogos que, segundo ele, demandam grandes esforços políticos, como o Engenhão.
O dirigente cita como exemplos de economia a transferência do campo de hóquei da Barra para Deodoro e a reutilização do campo de pentatlo moderno para a disputa do rúgbi. “Temos que analisar o cenário. O Brasil em 2009 era estável, em ascensão, e hoje há uma outra situação econômica”, observou.
Já se sabe que a Baía de Guanabara não terá o nível de tratamento de esgoto de 80%, conforme prometido durante a candidatura olímpica. O próprio governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) já admitiu que a meta não será alcançada.
No mês passado, as águas em que ocorrerão as provas de vela passaram a receber embarcações para a retirada de resíduos sólidos flutuantes. Mas obras importantes de saneamento, como a ampliação da estação de tratamento de Alegria (zona norte), e a reforma da Marina da Glória (zona sul), não estão prontas.
Há um ano, a capacidade de tratamento de esgoto despejado na baía era de 41%. Hoje, alcança apenas 49%. Otimista, Pezão espera que daqui a um ano chegue a 65%.
A Vila Olímpica (Barra da Tijuca) já está 85% pronta, informam os responsáveis pelas obras, conduzidas por uma empresa privada. É provável que os apartamentos sejam liberados para os organizadores dos Jogos antes do prazo inicial, março de 2016. “Estamos seguindo o cronograma previsto, com a possibilidade de entregar antes”, disse Maurício Cruz, diretor do empreendimento.
O local ainda não tem uma aparência olímpica, apenas de construção imobiliária comum. Por enquanto, as únicas especificações feitas para os atletas são a altura dos chuveiros, a largura das portas e corredores, o tamanho dos elevadores e banheiros conforme a necessidade dos cadeirantes paralímpicos.
Fotografias aéreas feitas pelo Estado mostram grande evolução dos equipamentos olímpicos no Complexo de Deodoro, que anteriormente eram motivo de preocupação do Comitê Olímpico Internacional (COI), assim como o Velódromo, no Parque Olímpico da Barra, que deve ser entregue no último trimestre deste ano, segundo a Prefeitura do Rio.
Até o momento, as instalações olímpicas estão orçadas em R$ 6,6 bilhões, valor que deve aumentar após a divulgação da versão atualizada da Matriz de Responsabilidades, prevista para ser feita neste mês, por causa da inclusão de projetos que não estavam no documento anterior. A primeira versão da matriz apontava gastos menores, de R$ 5,64 bilhões.P