Em meio a uma intensa polêmica que vem se arrastando pelos últimos meses, o atletismo viveu mais um caso de doping comprovado nesta segunda-feira. Depois de ser flagrada com alterações fora do padrão em seu sangue, a turca Asli Cakir Alptekin divulgou comunicado para anunciar que aceita a perda da medalha de ouro olímpica conquistada nos 1.500 metros nos Jogos de Londres, em 2012.
De acordo com a Corte Arbitral do Esporte (CAS), Alptekin entrou em acordo com a Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF) e concordou com a punição. Ela teve todos os seus resultados a partir de julho de 2010 cancelados, precisará devolver toda a premiação que arrecadou desde então e ainda será obrigada a cumprir oito anos de suspensão, o que pode encerrar sua carreira, já que tem 29 anos.
Entre os resultados anulados, está a conquista do outro olímpico em 2012, que deverá ficar com sua compatriota Gamze Bulut, segunda colocada na prova. Na ocasião, Alptekin abaixou em mais de nove segundos seu melhor tempo nos 1.500 metros. A turca ainda teve cancelado seu título no Campeonato Europeu do mesmo ano.
Segundo o comunicado divulgado pela CAS, a acusação de que Alptekin manipulou seu sangue de forma irregular entre 29 de julho de 2010 e 17 de outubro de 2012 foi “aceita por omissão”, graças ao consenso da turca. Ela era investigada baseada em valores anormais em seu sangue, diagnosticados em seu passaporte biológico.
Para conseguir a punição, a IAAF precisou acionar a CAS, já que a Federação Atlética Turca absolveu a atleta inicialmente em dezembro de 2013. Na época, Alptekin afirmou que os valores em seu sangue eram justificados por “viver e treinar na altitude, uso de técnicas para simular efeitos da altitude e/ou problemas médicos”.
De acordo com a CAS, no entanto, a atleta “é incapaz de fundamentar as explicações que ela ofereceu para estes valores, e, portanto, é incapaz de refutar a afirmação da IAAF de que esses valores foram resultados de alguma forma de manipulação sanguínea”.
A punição de Alptekin acontece em momento delicado para o atletismo mundial, às vésperas do início do Mundial da modalidade, em Pequim. A IAAF enfrenta a denúncia feita pela rede de tevê alemã ARD e o jornal inglês The Sunday Times de que teria encoberto 800 casos de doping entre 2001 e 2012.