O Comitê Rio-2016 afirmou nesta quinta-feira que não há indícios de que o velejador sul-coreano Wonwoo Cho tenha sofrido infecção por poluentes da Baía de Guanabara durante as disputas do evento-teste de vela, preparativo para a Olimpíada do ano que vem.
Na terça-feira, Wonwoo teve de ser internado no hospital Samaritano, na zona sul do Rio, após sofrer um quadro de desidratação, e sentir indisposição abdominal e dor de cabeça. Segundo seu técnico, Danny Ok, o problema ocorreu em consequência do contato do atleta com a água poluída da Baía.
O médico Marcelo Patrício, gerente de serviços de saúde do Comitê Rio-2016, contou à reportagem que não há razões que apontem o contato com água como causa do problema. “Ele sentiu uma indisposição, teve sintomas que poderiam acometer qualquer pessoa, e que não têm relação direta com os problemas da água.”
Ainda segundo Patrício, após o primeiro atendimento ainda no local de prova, o sul-coreano o recebeu um litro de soro, medicação para dor de cabeça e deixou o hospital duas horas depois livre dos sintomas. No dia seguinte, aliás, voltou à competição. “Geralmente problemas de infecção gastrointestinal duram por vários dias”, explicou o médico.
Além de Wonwoo Cho, a velejadora britânica Bryony Shaw teve problemas de diarreia. Mas, de acordo com Patrício, foi medicada e passa bem. Os exames realizados também não detectaram contaminação por vírus.
O chefe do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário da UFRJ, Alberto Chebabo, explicou que é difícil determinar a causa de infecção, mas afirmou que não acredita que o atleta coreano tenha sido contaminado enquanto velejava. De acordo com o médico, a identificação da causa desse tipo de infecção, que pode ser contraída também ao se consumir comida e bebida contaminadas, acontece quando há várias pessoas com o mesmo sintoma.
“Se as pessoas estão em hotéis diferentes, se alimentaram em restaurantes diferentes, adoeceram ao mesmo tempo e todas velejaram, a causa poderia ser a Baía de Guanabara. Mas se apenas uma pessoa teve os sintomas, ela pode ter pego em qualquer lugar. Se tem 326 pessoas velejando e só ele adoeceu é porque provavelmente ele não pegou o vírus na baía”, apontou Chebabo.
A condição da água da Baía de Guanabara é um dos pontos de maior fragilidade da Olimpíada do Rio. Recentemente, o governador Luiz Fernando Pezão admitiu que não será cumprida a meta de tratar 80% do esgoto despejado no local. Perto da Marina da Glória, onde os atletas partem para o mar, inclusive, há despejo de esgoto sem tratamento, mas os organizadores garantem que nas áreas de competição a qualidade da água é própria para banho.