Desde que chegou ao Palmeiras, no início do ano, o técnico Oswaldo de Oliveira nunca demonstrou sentir tanto a pressão quanto durante entrevista coletiva realizada nesta terça-feira, na Academia de Futebol. Mostrando muito equilíbrio, mas mandando seus recados, ele criticou a atitude de uma parte da imprensa, da reunião pública feita pela diretoria no dia anterior e defendeu seu trabalho no comando da equipe.
O fato de ter dado entrevista nesta terça-feira já foi uma novidade, pois geralmente ele só fala de sexta. “Me propus a vir aqui hoje (terça) porque o início ruim do Palmeiras no Campeonato Brasileiro têm se falado muita coisa e o volume está grande. Decidi que algumas dúvidas deveriam ser perguntadas. Neste momento, o responsável sou eu. O Paulo Nobre gastou R$ 45 milhões para montar o elenco, o (Alexandre) Mattos trabalhou como nunca vi ninguém fazer. Contratou tantos jogadores em tempo recorde e a responsabilidade é montar um time e de levar em frente os nossos objetivos”, disse o treinador, em entrevista coletiva que durou cerca de uma hora.
Na segunda-feira, o diretor de futebol, Alexandre Mattos, convocou todos os jogadores para uma reunião no gramado da Academia de Futebol, algo que Oswaldo de Oliveira também deixou claro que foi contra a decisão. “Deveríamos ter feito isso aqui dentro. Quando decidimos, os jogadores já estavam aqui fora. Eu não faço isso em campo. Converso de portas fechadas, como faço com meus filhos de portas fechadas. Prefiro de forma mais comedida”, analisou.
O treinador disse que acredita que os atletas reagiram de formas distintas com a reunião. “Acho que os mais experientes não gostam muito e os mais novos acatam melhor”, completou. Irritado, sobrou até para a diretoria. Oswaldo de Oliveira deixou claro que não se sente pressionado no cargo e que sua experiência faz a diferença.
“Tenho 60 anos de idade, 40 de carreira e 22 vividos fora do Brasil. Encarei técnicos de várias partes do mundo e não tenho necessidade nenhuma de viver da pressão de pessoas que têm menos experiência do que eu. Trabalho no futebol porque eu amo. Senão fosse isso, poderia ficar na praia tomando água de coco até o meio-dia. Depois do meio-dia, tomaria chopp. Fico com medo disso crescer e criar uma situação descabida. Quando cheguei ao Japão, passei por isso também e acabamos sendo campeões. Tem que ter respeito com o profissional”, reclamou.
Oswaldo de Oliveira reclamou ainda que alguns jornalistas têm inventado histórias que atrapalham o ambiente da equipe. “Adoro o convívio com vocês, mas tenho que dizer o que estou sentindo. Me desculpe porque não quero acusar ninguém de nada. Só quero falar o que estou sentindo”, disse o treinador, que reclamou das críticas que recebem de comentaristas sobre a escalação e variação tática.
“Cheguei ao Palmeiras, caíram 21 jogadores na minha mão dos quais cinco eu trabalhei e uns que eu nunca tinha visto na vida. Durante a reunião, perguntei para os 40 atletas que estavam sentados quem ainda não tinha sofrido contusão. Apenas oito levantaram o braço. Teve jogo, que eu não tinha cinco opções na lateral-esquerda e tive que colocar o Wellington. Alguns se machucaram e voltaram a sentir lesões. Dos oito que não se machucaram, quatro são goleiros, o Gabriel, único titular, Victor Luis, Julen e Dudu. Claro que o meio disso, vamos tropeçar. Acontece que a pessoa que está no estúdio tem que ter a sensibilidade de sentir o calor do campo. Ela vê futebol como vídeo game. Tem que analisar tudo”, reclamou.