As investigações que levaram ao indiciamento do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira complementam uma história iniciada dois anos antes com a condenação de três doleiros ligados ao ex-dirigente. Luiz Felipe Anastácio Machado, Mauro Mendlewicz e Octávio Koeler Plácido Teixeira Júnior foram condenados porque a empresa deles – a corretora de câmbio Swap – realizou operações com a finalidade de evasão de divisas, com a intenção de ocultar recursos obtidos por meio de crimes nas contas em paraísos fiscais. Eles foram condenados a 20 anos de prisão.
A Swap tinha entre os sócios a CBF. A corretora foi investigada pela Comissão Parlamentar de Inquérito CBF/Nike, da Câmara dos Deputados, em 2000. Koeler é amigo do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. As investigações da CPI da Câmara mostraram que ele participou da compra de uma casa em Búzios (RJ) pela Minas Investimentos, do ex-dirigente.
No outro inquérito que indiciou Ricardo Teixeira, a Polícia Federal cita a compra dessa casa e diz que “restou evidenciado que Ricardo Teixeira foi quem armou todo esquema de compra e venda do imóvel, desde a sua aquisição inicial por parte de Octávio, sua posterior venda para empresa estrangeira Ameritech Holding, sendo que os procuradores Luiz Eduardo Landim, Balthazar e Luiz César Penha Saraiva eram, respectivamente, empregado, amigo e ex-sócio de Teixeira”.
Segundo o inquérito que condena os sócios da Swap as operações ilegais foram feitas por duas contas abertas em instituições estrangeiras em nome da offshore Chalone. Na primeira conta, no banco MTB Bank of New York, foram movimentos US$ 178 milhões em recebimentos e US$ 141 milhões em remessas entre 2000 e 2003.
Na segunda conta, no Banco Safra National Bank of New York, foram depositados US$ 561 milhões e feita uma transferência no valor de US$ 3,6 milhões.
A Swap também teve participação em um dos empréstimos tomados pela CBF no exterior em 1998. Documentos da CPI mostram que a corretora atuou como espécie de consultora no empréstimo, respondendo a solicitações feitas pelo ex-tesoureiro da CPF, Ariberto Santos Filho, que também foi investigado pelo Congresso.