Brasil e Suíça fecharam um acordo para permitir que prisioneiros possam cumprir penas ou aguardar sentenças em seus países de origem. Mas o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, não será beneficiado do novo tratado, mesmo estando em uma prisão de Zurique. O cartola tem até segunda-feira para apresentar um recurso pedindo a espera por uma definição de extradição em liberdade condicional.
Marin foi detido na semana passada no luxuoso Hotel Baur au Lac, na Suíça. A polícia local atendeu a um pedido do FBI, depois do indiciamento do brasileiro por crimes financeiros na condição de presidente da CBF.
O novo acordo prevê que “presos suíços e brasileiros possam cumprir o resto de suas penas em seus países de origem”. O tratado foi aprovado pelo Conselho Federal suíço nesta sexta-feira, permitindo a transferência de detentos. Segundo os suíços, o acordo tem “uma meta humanitária e visa facilitar a reinserção social dos presos depois de sua liberação”.
Mas para que a transferência de fato ocorra, precisa haver um sinal verde do estado onde ocorreu a condenação, o estado de execução da nova pena e do próprio condenado. “O tratado bilateral não prevê a possibilidade de uma transferência de um condenado contra sua vontade”, disse um comunicado suíço.
Ao Estado de S. Paulo, o porta-voz do Departamento de Justiça da Suíça, Folco Galli, explicou que Marin não poderá evocar o tratado. “O tratado bilateral não tem um impacto no caso de Marin, já que ele é alvo de um processo criminal nos EUA, e não na Suíça”, explicou.
A procuradoria nos EUA o acusa de uma série de crimes e teria grampeado reuniões com parceiros comerciais. Uma eventual condenação poderia significar 20 anos de prisão.
Marin deve apresentar um pedido para acompanhar o processo de extradição aos EUA em liberdade condicional. Mas os suíços já indicaram que dificilmente ele ganhará esse benefício, mesmo com 83 anos de idade. O brasileiro não tem propriedades na Suíça e o “risco de fuga” seria alto.
Quando a Conmebol ficou sabendo da prisão de Marin e de seu ex-presidente, Eugenio Figueredo, fontes de alto escalão na entidade repetiam nos corredores da Fifa que tal atitude aos dirigentes “jamais ocorreria na América do Sul”. “Teríamos dado um jeito”, declarou um deles.
Nicolas Leoz, um dos citados no indiciamento nos EUA, estava no Paraguai. Mas, depois de detido, foi autorizado a aguardar o processo em sua residência.