Considerado o melhor jogador da história do vôlei de praia brasileiro, Emanuel explicou que decidiu antecipar a aposentadoria motivado pela ausência nos Jogos Olímpicos do Rio. A condição de reserva deixou o atleta de 42 anos em uma posição desconfortável. O último torneio será o Grand Slam do Rio de Janeiro, etapa do Circuito Mundial -, com o parceiro Ricardo, de 8 a 13 de março. Será o fim de uma carreira de 25 anos e 155 títulos conquistados.
Campeão olímpico em Atenas-2004 (com Ricardo), vice em Londres-2012 (com Alison) e terceiro colocado em Pequim-2008, (novamente com Ricardo), Emanuel formaria mais uma vez com Ricardo a parceria reserva para a Olimpíada do Rio, em agosto. Se algum atleta titular (as duplas Evandro/Pedro Solberg e Alison/Bruno) se machucar, a Confederação Brasileira de Vôlei poderia convocar a dupla reserva. Mas Emanuel preferiu não esperar.
“Eu já havia pensado em parar em duas outras ocasiões, em 2009 e 2013, mas em ambas acabei me deparando com novos desafios e decidi continuar. Nesta Olimpíada seria reserva e poderia até acabar jogando, mas não quero estar nessa posição, de aproveitar a eventual lesão de um colega para entrar no jogo. Já disputei cinco Olimpíadas e agora prefiro ficar de fora, pela primeira vez curtindo.”
Casado com a ex-jogadora de vôlei Leila e pai de dois filhos, de 5 e 18 anos, Emanuel foi eleito na semana passada presidente da Comissão de Atletas de Vôlei de Praia da CBV, um indicativo de seus próximos passos. “Já fiz cursos de gestão esportiva e há muito tempo tenho intermediado negociações com dirigentes, defendendo interesses dos atletas. Penso, sim, em me tornar um dirigente.”
Por enquanto, porém, a ordem é aproveitar os últimos momentos de trabalho. “Não tenho lesão e ainda consigo jogar em alto nível. Mas sei que não vou conseguir mais do que já conquistei. Minha missão como atleta já foi cumprida. Quero curtir esse último torneio, mas sei que desta vez serei o centro das atenções, então tenho uma última responsabilidade. Depois vou descansar, me habituar ao novo ritmo e pensar nos próximos passos”.
Desde que o vôlei de praia se tornou esporte olímpico, em Atlanta-1996, esta será a primeira Olimpíada da qual Emanuel não vai participar. “Ainda não imaginei como será, mas quero ir à Vila Olímpica, apoiar e tentar ajudar meus amigos. E torcer, sem compromisso”, disse o atleta, que aposta nas duas principais duplas brasileiras. “Alison e Bruno e Larissa e Talita estão em um nível muito bom e devem ter sucesso”, prevê.
Técnica de Emanuel há sete anos, Letícia Pessoa conta que “está chorando há uma semana”, desde que foi informada sobre a aposentadoria, mas que respeita a decisão. “Depois que a segunda vaga na Olimpíada foi definida, ele se desmotivou totalmente, mesmo jogando em alto nível. Eu via que ele não estava feliz, e fomos conversando, até que ele decidiu parar. Fico triste por perder uma companhia tão brilhante, mas feliz porque foi a carreira mais bem sucedida do vôlei de praia”, disse.
Emanuel começou no vôlei de quadra em Curitiba. Em 1991 passou a se dedicar simultaneamente ao vôlei de praia e acabou optando pela modalidade. Começou a se destacar em 1994, quando ganhou o Brasil Masters com Aluísio.