O Brasil corre sério risco de ser totalmente excluído do calendário internacional do atletismo um ano antes dos Jogos Olímpicos do Rio. Dos três torneios que deveriam ser realizados nas próximas semanas, dois estão cancelados: os Grand Prix de São Paulo e Uberlândia (MG). O GP Brasil também não será realizado em 21 de junho, como programado, e corre o risco de ser suspenso definitivamente. A única salvação para não perder a chancela da IAAF é tentar adiá-lo para setembro e ganhar três meses para buscar verbas.
Realizado anualmente desde 1985, o GP Brasil estava agendado para ser realizado pela 10.ª vez (a terceira consecutiva) no Mangueirão, em Belém. O governo do Pará, entretanto, avisou recentemente que não dispunha de recursos para apoiar o GP, que no ano passado custou ao menos R$ 1,6 milhão ao Estado.
Quando anunciou que o GP Brasil não seria mais em Belém, a CBAt tinha como “Plano A” organizar a competição em São Paulo. A ideia era utilizar a verba prometida pelo Governo do Estado (R$ 1,543 milhão) para o GP São Paulo e organizar em São Bernardo do Campo o GP Brasil, que faz parte do segundo principal circuito de provas da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF), o World Challenge, com 13 etapas.
O governo paulista, entretanto, não deu garantias de que vai efetivamente repassar os recursos. A Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude (SELJ) havia se comprometido a disponibilizar R$ 1,367 milhão para o Troféu Brasil de Atletismo, que aconteceu de 14 a 17 de maio. A dotação orçamentária, entretanto, foi assinada pela Casa Civil apenas onze dias depois do fim da competição.
A CBAt não tem recursos para assumir sozinha os custos do GP Brasil, que incluem passagens e hospedagens para atletas estrangeiros, além de pelo menos US$ 250 mil em premiações. Assim, não tem como organizar a competição em 21 de junho, data programada.
A confederação brasileira já solicitou à IAAF que permissão para transferir o GP Brasil para 13 de setembro, mas sabe que a data está reservada para a última etapa do World Challenge, em Rieti (Itália), que marca o fim da temporada outdoor do atletismo – os atletas entram de férias e começam a pensar no ano olímpico.
Também não há como realizar o GP Brasil antes. Entre julho e agosto vão acontecer eventos de grande porte como a Universíade, os Jogos Pan-Americanos e o Mundial de Pequim, nos quais estará centrado o foco dos atletas. Entre o Mundial e Meeting de Rieti estão marcados outros três grandes eventos internacionais na Europa.