A Receita Federal encaminhou nesta quarta-feira à CPI do Futebol os dados fiscais do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e do empresário Wagner Abraão. O acesso aos dados de ambos, inclusive os sigilosos, foi requerido pelo senador Romário (PSB-RJ), presidente da comissão.
Del Nero tentou barrar o envio da documentação referente a ele por meio de um mandato de segurança junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas o pedido foi rejeitado pelo ministro Edson Fachin. Os dados bancários do atual presidente da CBF e de Abraão já haviam sido enviados na semana passada à CPI.
A queda dos sigilos de Del Nero requerida por Romário compreende o período de 12 de março de 2013 em diante. Nessa época, além de presidente da Federação Paulista de Futebol, o dirigente era vice-presidente da CBF, na gestão de José Maria Marin. Ele assumiu a presidência da entidade nacional em abril desde ano.
Já a documentação referente a Abraão é do período entre 17 de maio de 2007 a 31 de maio de 2015. Ele é dono do Grupo Águia, do ramo de turismo, encarregada das viagens da seleção brasileira há cerca de três décadas. A empresa de Wagner Abraão também foi responsável pela venda dos ingressos VIP da Copa do Mundo de 2014.
Del Nero não conseguiu impedir o acesso da CPI do Futebol há seus dados, mas já obteve três vitórias no STF sobre a comissão. Na terça-feira, o ministro Marco Aurélio Mello desobrigou a CBF de enviar os dados referentes ao dinheiro distribuídos para todas as federações estaduais entre janeiro de 2005 e janeiro de 2015.
Na semana passada, Mello também concedeu à entidade presidida por Del Nero mandado de segurança bloqueando o acesso da CPI aos contratos da CBF referentes a patrocínio, direitos de transmissão de jogos e competições, publicidade e viagens. Antes, havia atendido ao pedido da CBF de não enviar os acordos feitos com as empresas Internacional Sports Events (ISE), Uptrend Development, Kentaro e Plausus e Kentaro.
A CBF também não precisa informar à CPI sobre o valor recebido desde 2002 das empresas com as quais comercializou os jogos da seleção brasileira nem sobre os direitos de transmissão. A comissão teve igualmente negado o acesso aos contratos de patrocínio com a General Motors e a Volkswagen dos últimos dez anos.