Com receio de uma explosão de infecções pela covid-19 nas festas de fim de ano, as prefeituras do litoral de São Paulo solicitaram ao governo estadual ajuda logística para impedir aglomerações e desencorajar turistas a fazer o "bate e volta" na virada. Em caráter reservado, integrantes do governo admitem que haverá endurecimento das restrições no Plano São Paulo – o programa estadual de reabertura econômica – a partir de 4 de janeiro.
A ideia proposta pelas prefeituras para as festas do fim de ano é mobilizar a Polícia Militar para atuar nas orlas das cidades litorâneas, para impedir aglomerações, e criar barreiras sanitárias para inibir a chegada de turistas pontuais na Baixada Santista. É prevista a medição de temperatura dos visitantes na entrada da cidade, mas não a exigência de comprovante de imóvel na região ou teste de covid com resultado negativo.
"A proposta das prefeituras é criar barreiras sanitárias nos acessos às cidades e o fechamento da orla dia 31", afirmou ao <b>Estadão </b>Marco Vinholi, secretário de Desenvolvimento Regional do governo paulista.
Cidades como Guarujá e Santos costumam receber centenas de milhares de turistas nesta época. Segundo Vinholi, a prerrogativa de organizar as barreiras será das prefeituras, com apoio do Estado. Elas é quem devem medir eventuais reflexos no trânsito, que costuma ficar congestionado na região durante feriados.
O Estado ainda não determinou o contingente que será mobilizado, mas o tema deve ser debatido na segunda, no comitê de gestão de crise do Palácio dos Bandeirantes. Os prefeitos do litoral norte, por sua vez, pediram ajuda ao governador para reforçar o atendimento no Hospital Geral de Caraguatatuba, que é referência na região.
A gestão João Doria (PSDB) anunciou no dia 11 a redução do horário de funcionamento de bares e a ampliação do horário de operação de lojas e shoppings como medida para tentar conter aglomerações. Em 30 de novembro, logo após as eleições municipais, o governo já havia colocado todo o Estado na fase 3 (amarela) do Plano São Paulo, após relatar alta de casos. Se houver novo recuo, a mudança será para as fases mais restritivas (a 2, laranja, ou a 1, vermelha) e parte do comércio será fechado.
Segundo apurou o <b>Estadão</b>, prefeitos do Grande ABC e do interior estão preocupados com uma possível onda de infecções nas festas de fim de ano. Cresce entre membros da cúpula do Executivo estadual a defesa da tese de um endurecimento das medidas de isolamento social, o que deve ser anunciado no dia 4. O principal centro de preocupação do governo neste momento são as regiões de Presidente Prudente e Registro, no interior, que devem retroceder para a fase vermelha, em que só serviços essenciais, como farmácias e mercados, podem ficar abertos.
<b>Aglomerações</b>
Professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Eliseu Waldman afirma que as pessoas não estão seguindo as recomendações de distanciamento e que, no litoral, a aglomeração vai além das praias. "O pessoal vai para o barzinho de noite, vai para o mercado", afirma ele. Especialistas têm apontado o aumento da participação dos jovens entre os diagnosticados com o novo coronavírus.
O Centro de Contingência de Combate à covid-19, montado por Doria para coordenar ações contra a propagação da doença no Estado de São Paulo, já recomendou que as celebrações de Natal e ano-novo tenham até dez pessoas. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>