Esportes

Ciclismo não é prioridade no controle antidoping brasileiro, diz ABCD

Nenhum outro esporte foi tão abalado por casos de doping nos últimos anos quanto o ciclismo de estrada. No Campeonato Brasileiro do ano passado, só dois exames antidoping foram realizados em mulheres e ambos apontaram o uso de substâncias proibidas. Mesmo assim, o controle de doping na modalidade não é prioridade para a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).

“A gente tem uma lista de prioridades, que não inclui (o ciclismo de estrada). Como política pública, a gente tem que trabalhar com prioridades. Quais são as modalidades mais relevantes para o Brasil? Onde está a nossa exposição? Não é no ciclismo. Em termos internacionais, quantos atletas de destaque a gente tem?”, argumenta Martha Maria Dallari, responsável pela gestão do departamento de Relações Institucionais da ABCD.

Em atividade há um ano e meio, a ABCD só este ano começou a assumir verdadeiramente o controle antidoping no País. A entidade diz que tem como principal alvo os atletas de altíssimo rendimento. Quer impedir que um atleta chegue à Olimpíada e seja pego em exame antidoping, expondo todo um País.

Por isso, o protocolo definido pela ABCD está direcionado aos testes surpresa, aplicáveis em um grupo de controle que tem cerca de 200 atletas. “A gente foca os atletas em grupos diferentes. Trata diferente quem é diferente. Basicamente estão no grupo de controle os atletas do Plano Medalha, porque a bolsa deles é maior. Por isso eles têm que se manter no topo”, explica Dallari.

Mesmo com o Laboratório Brasileiro de Controle do Dopagem recredenciado pela Agência Mundial Antidoping (Wada), o que torna mais barata a realização de exames no País, a ABCD optou por não aplicar testes no Campeonato Brasileiro de Ciclismo de Estada, que aconteceu no fim de semana passado em Araraquara (SP). No ano passado, as campeões de contra-relógio e resistência acabaram suspensas.

O mesmo vale para o Campeonato Brasileiro Feminino de Boxe, realizado em Balneário Camboriú (SC). Em 2013, foram três casos positivos de doping na competição, incluindo uma campeã mundial.

“O teste fora é onde pega, porque é surpresa, o atleta não está preparado”, argumenta Dallari. De todos os competidores que participaram dos campeonatos nacionais de ciclismo de estrada (sub-23 e elite, masculino e feminino) e de boxe (feminino adulto e masculino cadete), só um, Adriana Araújo, está no grupo de controle da ABCD.

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