Trinta e quatro mil palmeirenses mantiveram a respiração suspensa até o último segundo, mas, no final, soltaram um grito único de “Palmeiras”. Em um jogo elétrico e emocionante nesta quarta-feira, com a dificuldade e o sofrimento que se anunciavam, a equipe venceu o Internacional por 3 a 2 – chegou a abrir 2 a 0 -, no estádio Allianz Parque, em São Paulo, e se tornou semifinalista da Copa do Brasil. O adversário agora será o Fluminense.
Curiosamente, foi sobre o Fluminense que o Palmeiras iniciou a sua ascensão recente de seis jogos de invencibilidade, incluindo Campeonato Brasileirão e Copa do Brasil. No último jogo contra o time carioca, goleada por 4 a 1 no estádio do Maracanã, no Rio.
Desde o início do jogo, o Palmeiras quis confirmar o bom resultado do primeiro jogo (1 a 1, em Porto Alegre). Os gritos de “Palmeiras” eram um mantra de 34 mil pessoas e sua repetição quase religiosa levou o time ao ataque. Foi assim desde o primeiro escanteio, que não deu em nada e morreu em tiro de meta, até o primeiro gol.
Neste trajeto, foram apenas sete minutos de espera. Bastou o segundo escanteio para o Palmeiras colocar em prática a sua jogada mortal: a bola aérea. Após cobrança de escanteio de Zé Roberto, o zagueiro Vitor Hugo cabeceou de olhos abertos. Foi seu sétimo gol no ano.
O tento foi importante porque o Internacional começava a colocar as manguinhas de fora. O time gaúcho foi mais equilibrado taticamente que na semana passada. Lisandro López no ataque e Anderson no meio deixaram a equipe capaz de colocar a bola no chão. Lá no Sul, haviam sido só chutões e cruzamentos. A estratégia, no entanto, não foi tão eficiente. O time atacava principalmente pelo lado esquerdo, onde encontrava um Zé Roberto refeito depois de dois jogos fora.
Mesmo à frente, o time da casa corria riscos porque esteve instável. Aos 20 minutos, o Robinho sentiu um problema muscular e foi substituído por Rafael Marques, que entrou mal no jogo; e Dudu levou cartão amarelo por reclamação. O Palmeiras experimentou seu próprio veneno aos 34. Após cruzamento (sempre essa jogada), Nilton acertou a trave e Amaral salvou.
A resposta foi quase imediata. Após boa jogada, Lucas foi derrubado por Alex. Pênalti. Lance polêmico, que uns marcariam; outros, não. Aos 38 minutos, Zé Roberto bateu com categoria e fez o segundo.
A vantagem, no entanto, tinha um quê de enganoso. O técnico Marcelo Oliveira trocou Amaral por Andrei Girotto para diminuir os espaços. Não adiantou. O Palmeiras voltou desatento na marcação, errando passes na saída de bola e o Internacional voltou ao jogo. Anderson fez boa jogada individual e anotou o primeiro. Pela primeira vez, a torcida colorada foi ouvida.
Percebendo que o leme saía das suas mãos, Marcelo Oliveira trocou o inexpressivo Gabriel Jesus por Allione. Mas o pesadelo palmeirense se concretizou quando Alex cruzou e Lisandro López empatou por 2 a 2. Era o resultado de que os gaúchos precisavam. O silêncio pesou sobre o estádio lotado trazendo as memórias de outras decepções.
O pesar durou um minuto. Na saída de bola, Allione fez ótimo cruzamento para Andrei Girotto empatar. Gol de coadjuvantes, que lutam por um espaço no time. Gol que transformou o silêncio em carnaval. Só que não. Barrios desperdiçou a chance de colocar fim ao sofrimento aos 42, o Internacional martelou e os palmeirenses só soltaram o grito e a respiração no 49.º minuto de jogo.
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS 3 x 2 INTERNACIONAL
PALMEIRAS – Fernando Prass; Lucas, Jackson, Vitor Hugo e Zé Roberto; Arouca, Amaral (Andrei Girotto) e Robinho (Rafael Marques): Dudu, Barrios e Gabriel Jesus (Allione). Técnico: Marcelo Oliveira.
INTERNACIONAL – Alisson; William, Paulão, Réver e Ernando (Rafael Moura); Rodrigo Dourado, Nilton, Anderson (Alisson Farias) e Alex; Lisandro López e Valdívia. Técnico: Argel Fucks.
GOLS – Vitor Hugo, aos 7, e Zé Roberto (pênalti), aos 38 minutos do primeiro tempo; Anderson, aos 11, Lisandro López, aos 28, e Andrei Girotto, aos 29 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Lucas, Amaral e Dudu (Palmeiras); Rodrigo Dourado, William e Alex (Internacional).
ÁRBITRO – Wilton Pereira Sampaio (Fifa/GO).
RENDA – R$ 2.375.335,00.
PÚBLICO – 33.991 pagantes.
LOCAL – Estádio Allianz Parque, em São Paulo (SP).