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Anistia Internacional acusa Catar de usar trabalho forçado em estádio para Copa

A Anistia Internacional divulgou um relatório no qual relata os abusos do trabalho forçado em diversas frentes no Catar, inclusive nas obras de um dos estádios que serão utilizados na Copa do Mundo de 2022. De acordo com a denúncia, os empregados, sendo boa parte deles imigrantes, estariam exercendo suas funções em condições subumanas e sendo impedidos de se desligarem das empresas.

Diversos grupos de direitos humanos e meios de comunicação já haviam revelado a preocupação com as graves condições de trabalho disponibilizadas no Catar. A acusação da Anistia Internacional, no entanto, se sobressai não só pelo tamanho da organização, mas também por relacionar os maus-tratos diretamente com uma das sedes do Mundial.

O relatório divulgado pela Anistia possui 52 páginas de denúncias baseadas em entrevistas realizadas entre fevereiro e maio do ano passado com 132 operários que trabalham na obra do Estádio Internacional de Khalifa, um dos palcos do Mundial de 2022. Outros 99 imigrantes funcionários de uma obra de um complexo esportivo não ligado a Copa também prestaram depoimentos.

Todos os entrevistados disseram sofrer algum tipo de abuso, inclusive a habitação em quartos miseráveis ou superlotados, atraso de meses nos pagamentos de salários e até a retenção de seus passaportes para dificultar a saída do país.

Para piorar, os imigrantes disseram que estão endividados graças a uma espécie de cota de recrutamento – proibida no Catar -, segundo a qual teriam que desembolsar entre US$ 500 e US$ 4.300 para assegurar o emprego. A maioria deles só descobriu ao chegar no país que receberia menos do que o prometido por seus recrutadores.

Sobre as denúncias dos trabalhadores contratados para a obra do Estádio Khalifa, cinco deles disseram que foram forçados a trabalhar mesmo depois de tentarem deixar o emprego. Estes funcionários foram contratados por uma pequena agência de empregos responsável pela mão de obra do projeto.

O Catar já anunciou planos de mudar seu sistema trabalhista conhecido como “kalafa”, que deixa os trabalhadores vulneráveis a exploração de seus empregadores. Diversas alterações já foram adotadas pelo governo local no fim do ano passado, mas ainda não entraram em vigor.

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