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Depois de três vitórias seguidas, Mayra Aguiar voltou a perder para a norte-americana Kayla Harrison no confronto que é o de maior rivalidade do judô na atualidade. A derrota da brasileira foi na final da categoria até 78kg dos Jogos Pan-Americanos, nesta terça-feira, em Toronto. Maria Suelen Altheman não chegou à final e acabou com o bronze. David Moura e Luciano Corrêa, entretanto, salvaram o Brasil e conquistaram duas medalhas de ouro.
Assim, o Brasil encerrou sua participação no judô com 13 medalhas, uma a menos que a meta estipulada pela comissão técnica da seleção. Pior: na comparação com Guadalajara, em 2011, viu cair o número de finais (nove a sete) e também de medalhas de ouro (seis a cinco). Mesmo assim, terminou no alto do quadro de medalhas da modalidade, à frente de Cuba e EUA, que ganharam três de ouro cada.
“Para mim foi um resultado excelente. Acho que evoluímos, mas os outros países do continente também apresentaram melhoras. Chegamos disputando as medalhas em todas as categorias”, afirmou Luciano Corrêa. Apenas Cuba, entretanto, conseguiu garantir os 14 pódios possíveis.
Luciano Corrêa (14.º do ranking mundial) teve um caminho tranquilo até a final da categoria até 100kg. Despachou o venezuelano Antony Peña (60.º) e o argentino Hector Campos (35.º), ambos por imobilização. Na disputa do ouro, contra o canadense Marc Deschenes (50.º), o brasileiro controlou a luta e venceu pelas quatro punições recebidas pelo rival.
“Fico muito feliz pelo ouro, ainda mais nessa edição especial do Pan que antecede os Jogos Olímpicos na nossa casa. O judô é um esporte campeão e mostramos isso”, explicou o atleta, que já tinha sido campeão na edição anterior, em Guadalajara, mas foi prata no Campeonato Pan-Americano, em abril.
Mayra Aguiar fez o esperado duelo com Harrisson, de quem perdeu na semifinal dos Jogos Olímpicas, mas a quem venceu na semi do Mundial do ano passado, antes de ser campeã. Em Toronto, para chegar à esperada final, a gaúcha havia superado a mexicana Liliana Cárdenas (73.ª) e a cubana Yalenns Castillo (23.ª). “Essa derrota vai me fortalecer muito para a medalha de ouro vir na Olimpíada”, comentou Mayra, que perdeu porque sofreu um shidô.
Kayla sabe da grandeza da brasileira, tanto que elogiou muito o talento de Mayra. Para ela, essa disputa das duas ajuda a melhorar o nível da categoria. “É sempre difícil vencê-la. Ela é forte, técnica, e nas nossas lutas é a mente que vence. Se não fôssemos adversárias, acho que iria tomar uma cerveja com ela”, disse Kayla.
PESADOS – Recém-recuperada de uma cirurgia no joelho, que a tirou de combate durante quase um ano, a peso pesado (+78kg) Maria Suelen queria a revanche contra a cubana Idalys Ortiz, de quem perdeu na final das últimas duas edições do Mundial e quem nunca venceu. Mas a brasileira não chegou tão longe, parando na semifinal, perante uma mexicana. A rival ganhou o ouro.
Para chegar ao bronze, Maria Suelen começou a competição vencendo a venezuelana Emileidys Lopez (86.ª), mas depois acabou surpreendida pela mexicana Vanessa Zambotti, apenas a 20.ª do mundo, que conseguiu um yuko e depois controlou a lutar. A brasileira garantiu o bronze contra a dominicana Leidi German (59.ª). “Eu vim de uma cirurgia delicada e para mim esse bronze é ouro.”
Já David Moura (+100kg) melhorou o feito do pai Fenelon Oscar Müller, que conquistou o bronze no Pan de 1975, disputado na Cidade do México. Convocado para o Pan depois que Rafael Silva sofreu uma lesão muscular e precisou ser operado, David, 12.º do ranking dos pesos pesados, ganhou de Joshua Santos (192.º), do Peru, e Pedro Pineda, da Venezuela (57.º), para chegar à decisão. Na final diante do equatoriano Freddy Figueroa (38.º), precisou de apenas 13 segundos para dar o ippon.
“É até chato falar, mas quase não suei. Eu já conhecia o adversário, entrei ligado e acertei o golpe”, explicou David, feliz por ter superado o pai. “Eu me preparei bastante e ele deve ter chorado muito, pois ele me ensinou muita coisa.”