A expectativa da ginástica artística para os Jogos Pan-Americanos de Toronto era mostrar ao mundo pela primeira vez a geração feminina mais talentosa desde o surgimento de Daiane dos Santos e Daniele Hypolito e o novo momento da seleção masculina, mais forte do que nunca na história. Mas a delegação brasileira se despede de Toronto com seu pior desempenho desde Pan de Winnipeg, também no Canadá, há 16 anos.
Afinal, o Brasil ganhou apenas cinco medalhas (uma de ouro, uma de prata e três de bronze), terminando o Pan apenas no quinto lugar do quadro geral da modalidade tanto em número total de medalhas (empatou com Colômbia e Cuba) quanto pela quantidade de ouro.
Em 2011, quando a ginástica masculina ainda contava com um único atleta de sucesso (Diego Hypolito) e promessas como Sergio Sasaki e Arthur Zanetti, o Brasil ganhou seis medalhas, sendo quatro no masculino. O time feminino, que ainda tinha Daiane dos Santos, faturou duas de bronze, com Daniele Hypolito. Agora, com atletas melhores, foi pior.
O fraco desempenho em Toronto tem alguns atenuantes. O primeiro deles, técnico. Os Estados Unidos enviaram ao Pan uma equipe praticamente completa no masculino e, como sempre, um time muito forte (ainda que reserva) no feminino. O Canadá evoluiu e, competindo em casa, teve a melhor ginasta da competição.
Os desfalques também servem de atenuante relativo. O Brasil perdeu sua melhor ginasta, Rebeca Andrade, na véspera do Pan. A menina de 15 anos, que está no primeiro ano como adulta, operou o joelho e só volta no ano que vem. Jade Barbosa também passou por cirurgia, já está de volta às competições, mas foi poupada no Pan – ficou como reserva. No masculino, Diego Hypolito e Sergio Sasaki estão machucados.
As lesões, entretanto, são mais recorrentes na ginástica do que em qualquer outro esporte. As falhas também e o Brasil falhou demais. Na prova por equipes masculina, poderia ter superado os EUA para ficar com o ouro, mas errou muito no solo. Nas finais por aparelhos, as diversas falhas permitiram ao País ganhar apenas duas medalhas, uma delas “obrigatória”, com Arthur Zanetti.
O Pan, porém, não foi só de más notícias. A equipe masculina, mesmo desfalcada, teve um desempenho, em termos de pontuação, tão bom quanto aquele que a levou ao quinto lugar do Mundial do ano passado. O time feminino, também sofrendo com a ausência da sua melhor generalista, teve um desempenho na prova por equipes que a colocaria na briga pelo oitavo lugar do Mundial de outubro – posição que garante classificação para os Jogos Olímpicos.
Os melhores momentos, entretanto, vieram nas finais do individual geral. Caio Souza, de apenas 21 anos, teve uma atuação perfeita, que o colocaria no Top 10 do Mundial. O mesmo para Flávia Saraiva, de 15, com a diferença que ela ainda cometeu falhas. Daniele Hypolito também se saiu bem, num bom quinto lugar no último Pan da carreira, aos 30 anos. Os três, entretanto, mostraram instabilidade errando nas finais por aparelhos. No Mundial, não haverá espaço para erros.