Aos 33 anos, idade onde muitos atletas ainda brilham profissionalmente dentro das quatro linhas, Marcelo Marelli já faz história como treinador. O carioca foi responsável por levar o Flamengo, pela primeira vez, às quartas de final do Campeonato Paulista sub-20. Trilhando um retrospecto de 16 vitórias, cinco empates e apenas três derrotas, o dono da prancheta rubro-negra, que também alcançou a liderança geral durante o Estadual da categoria.
Ele finalizou sua participação no segundo lugar do grupo 3, à frente de Corinthians e Palmeiras –, segue nutrindo o sonho do título inédito para Guarulhos. Entretanto, o técnico, em sua trajetória de talento e títulos, teve que superar diferenças bruscas de categorias e até um grave problema de saúde.
Curiosamente, a carreira de Marelli começou em outro Flamengo: o carioca, em 2005, como estagiário. O bom trabalho realizado na representação da Gávea o fez ser efetivado como auxiliar técnico, trabalhando nas categorias sub-13 e sub-15. Ao lado de nomes como Marcelinho Paulista, José Ricardo – atual comandante do sub-20 – e Cléber dos Santos, o professor do Corvo seguiu no clube campeão mundial de 1981 até 2010.
Depois da longa passagem pelo Rubro-Negro do Rio de Janeiro, Marelli trabalhou no elenco sub-20 do CFZ (Centro de Futebol Zico) e, em seguida, topou o desafio de dirigir o emergente Juventus – recém-promovido à Série B do Campeonato Carioca. Contudo, a passagem pelo Touro, fundado em 2006, não durou muito. Rapidamente veio o convite para dirigir a categoria sub-11 do Corinthians.
Mesmo dirigindo atletas da categoria sub-20 em território carioca, Marelli aceitou a proposta oferecida pelo Timão e não demorou a ter sucesso, superando a considerável diferença de idade com dedicação e trabalho sério. Três meses depois, o carioca já estava à frente do sub-15 alvinegro, onde conquistou seis títulos – sendo bicampeão paulista.
Impressionado com a trajetória do companheiro, Caco Espinoza, então comandante do sub-20 do Corvo, convidou Marelli para desempenhar a função de auxiliar técnico no Rubro-Negro. O carioca começou dobrando as funções, pois ainda estava cumprindo seu terceiro ano de sub-13 no Corinthians. A força de vontade aliada ao talento fez surgir mais um desafio: dirigir o clube de Guarulhos na Copa São Paulo de Juniores, em 2015.
Em sua primeira partida como técnico flamenguista, Marelli conseguiu uma vitória sobre o Palmeira-RN: 2 a 1, com gols de Arlindo e César. Porém, o Corvo não conseguiu passar adiante no grupo Y, embora tenha premiado os torcedores com grandes atuações diante de São Caetano – adversário nas quartas de final do Paulista sub-20 – e Atlético-PR. Os dois embates terminaram com derrota para o Rubro-Negro (3 a 2). Nas ocasiões supracitadas, os guarulhenses saíram atrás e protagonizaram a virada por 2 a 1.
“Fico muito feliz. Quando estamos em algum lugar queremos fazer sempre história, deixando nosso nome marcado. Por isso, posicionar o Flamengo entre os oito melhores clubes de São Paulo é gratificante, mas buscamos mais. Desejamos atingir uma situação melhor dentro do Campeonato Paulista sub-20”, ressaltou.
Passada a participação na última Copinha, Marelli superou uma das maiores dificuldades de sua vida. No início de fevereiro, o carioca viajou para os Estados Unidos, onde sentiu dores de cabeça periódicas. Na volta ao Rio de Janeiro, foi fazer exames no oftalmologista, que se impressionou com o desgaste diagnosticado no nervo óptico. A palidez do par de nervos cranianos fez o carioca realizar uma ressonância da cabeça, onde um tumor foi reconhecido.
Por causa das burocracias envolvendo o plano de saúde, Marelli realizou a operação apenas no dia 10 de março. Felizmente, o procedimento cirúrgico ocorreu da melhor forma possível, permitindo o rápido retorno do carioca ao clube guarulhense, onde teve pouco tempo para lapidar e formatar o elenco que disputaria o Campeonato Paulista sub-20. Entretanto, o dono da prancheta rubro-negra superou as expectativas e conseguiu formar um plantel que já se eternizou na história flamenguista.
“Iniciamos como sempre: trabalhando, com os pés no chão, sabendo que as coisas ficarão cada vez mais difíceis. O São Caetano tem um grupo qualificado, e precisamos nos preparar para as adversidades que o oponente poderá nos impor. O grupo está satisfeito, animado e motivado para os dois jogos. A parte psicológica conta muita, mas focaremos no treino de campo em busca de um bom jogo”, concluiu.