Pelos motivos mais diversos, há cinco anos Jade Barbosa não disputa uma grande competição. Ficou fora de Mundiais e da Olimpíada de Londres, superou cirurgias e polêmicas e agora está de volta à seleção de ginástica artística com um papel completamente diferente. Aos 24 anos, é uma das veteranas da equipe que vai tentar levar o Brasil aos Jogos Olímpicos do Rio, no ano que vem.
Quando tinha 16 anos, no seu primeiro Mundial, Jade conquistou um resultado histórico para o Brasil ao ganhar no bronze no individual geral – era, naquele momento, a terceira ginasta mais completa do mundo. À época, tinha Daiane dos Santos (então com 24 anos) e Daniele Hypolito (com 23) como exemplos.
Passados oito anos, agora Jade se junta a Daniele como referência para uma seleção absolutamente renovada. Principal nome da equipe, Flávia Saraiva tem só 16 anos e chegou nesta temporada à categoria adulta. Ela, Lorrane Oliveira e Thauany Araújo, além da reserva Lorenna Rocha, são novatas em Mundiais.
“Como algumas meninas estão em um Mundial pela primeira vez, nós que já competimos antes procuramos ajudar e nos unirmos ainda mais. Isso pesa, com certeza. Eu espero que elas também sintam confiança em nós, da mesma forma que senti isso nas meninas mais experientes quando comecei”, comenta Jade.
Precisando ficar entre os oito primeiros para se classificar à Olimpíada sem passar pelo Pré-Olímpico, o Brasil teve que lidar com dois desfalques. O mais importante deles, de Rebeca Andrade, ginasta com potencial para repetir e até superar, em 2015, o que Jade fez 2007. Depois, Julie Kim Sinmon, importante para a equipe, também se machucou.
Assim, a margem de erro do Brasil no Mundial se reduziu a praticamente zero. Se a equipe acertar tudo na apresentação desta sexta-feira em Glasgow, tem boas chances de ficar entre as oito primeiras. “Amanhã (sexta), o importante é mostrarmos o que treinamos. Temos que fazer o que sabemos e não errar”, destaca Jade.
Ela, Daniele Hypolito, Flávia Saraiva e Lorrane Oliveira vão competir em todos os quatro aparelhos. Thauany Araújo se apresenta no salto, assimétricas e trave, ocupando posto que seria de Julie, enquanto Letícia Costa entrou no time apenas para competir no solo.
“Fizemos tudo o que estava dentro do possível este ano. Todo mundo deu o máximo de si e agora é acertar, mostrar o que temos trabalhado. Fizemos boas avaliações e estamos confiantes. É claro que um Mundial Pré-Olímpico causa uma ansiedade grande, mas estamos prontas”, completa Jade. Se ficar entre o nono e o 16.º lugares, o Brasil tem que disputar o evento-teste do Rio para, em casa, brigar por uma das quatro vagas restantes.
A tendência é que EUA, China, Rússia, Grã-Bretanha e Romênia fiquem com as cinco primeiras colocações. O Brasil disputa as três vagas restantes com uma série de rivais: Itália, Japão, Austrália, Alemanha, Holanda, França e Canadá, entre outros.
“Temos algumas equipes disputando a vaga com o Brasil, mas se competirmos bem, acertando tudo, nossas chances são grandes. Elas estão muito bem preparadas. Temos grandes ginastas. Tivemos uma boa preparação e boa aclimatação. Fizemos a melhor preparação possível. Nada poderia ser melhor do que foi. Vamos ver agora como elas irão se sair”, aposta agora Georgette Vidor, coordenadora da seleção. Antes do embarque à Europa, ela destacava que a classificação “não era impossível”.