Jérôme Champagne anunciou nesta sexta-feira que está oficialmente na briga para se tornar o próximo presidente da Fifa. Ex-diretor de relações internacionais da entidade, ex-diplomata e ex-secretário de Joseph Blatter, o francês confirmou sua candidatura ao dizer que enviou sua carta de solicitação de entrada na eleição marcada para 26 de fevereiro e oito cartas de apoio de federações nacionais do futebol mundial na segunda-feira à noite – para entrar no pleito, é obrigatório ter o apoio oficial de pelo menos cinco entidades filiadas à Fifa.
Champagne confirmou a informação em entrevista à agência The Associated Press, antes de lançar nesta sexta-feira a sua candidatura à presidência do organismo que controla o futebol mundial. “É uma missão emocionante”, disse o candidato, que enviou um manifesto de sete páginas às 209 federações filiadas à Fifa.
O detalhado documento de Champagne conta com planos para modernizar a forma de se dirigir a entidade, combater a desigualdade, o que inclui diminuir o número de vagas de seleções europeias na Copa, e implementar o uso de repetições em vídeo durante os jogos para ajudar os árbitros.
Champagne já havia feito campanha para as eleições passadas da Fifa, que em maio passado reelegeu seu antigo chefe e aliado Joseph Blatter, mas ele não conseguiu o apoio de cinco federações para se tornar um candidato naquela ocasião.
Agora, porém, ele deverá competir com Michel Platini, com o príncipe Ali Bin al-Hussein e com David Nakhid, um ex-jogador de Trinidad e Tobago, que apresentaram suas candidaturas antes da próxima segunda-feira, data limite para aprovação de candidaturas para eleição marcada para 26 de fevereiro. Até lá se esperam que se apresentem outros aspirantes ao cargo.
Ex-craque da seleção francesa e presidente da Uefa, Platini atualmente cumpre suspensão de 90 dias imposta pelo Comitê de Ética da Fifa e é pouco provável que seja aceito como candidato na eleição. Ele apelou contra a sua sanção, relacionada a um pagamento de 2 milhões de francos suíço de Blatter ao francês em 2011, que o ex-jogador alega que se referia a salários não pagos de trabalhos realizados como consultor do presidente da Fifa entre 1998 e 2002.
Blatter, por sua vez, também levou suspensão de 90 dias por ter pago Platini com fundos da Fifa em 2011. E convocou novas eleições no início de junho, apenas quatro dias depois de renunciar ao cargo na esteira de um grande escândalo de corrupção que atinge a entidade e seus membros. Uma grande operação policial provocou a prisão de vários dirigentes, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, ex-integrante do Comitê Executivo da Fifa, após investigações realizadas pelas polícias dos Estados Unidos e da Suíça que apontaram, entre outros crimes, práticas de suborno e de lavagem de dinheiro.
Assim, os escândalos recentes deram a Champagne uma segunda chance de aspirar ao cargo máximo do futebol mundial. “A diferença é tudo o que aconteceu desde 27 de maio”, disse o francês, em alusão ao dia em que as autoridades entraram nos escritórios da Fifa para buscar provas e prenderam sete dirigentes, entre eles dois vice-presidentes da entidade.
“(Os votantes) Querem alguém que sabe como funciona a Fifa, para o bem e para o mal”, disse Champagne, que não se viu relacionado com casos de corrupção durante ou depois de seus 11 anos de trabalho para a entidade. “É uma oportunidade única de restaurar a Fifa e de continuar o que foi feito bem em 111 anos”, completou.
O ex-diplomata também pretende implementar nas atuais propostas de reforma da Fifa um limite de 12 anos de mandato para todos os cargos, cotas para assegurar que as mulheres se vejam representadas em todos os organismos futebolísticos do mundo e um processo “aberto e competitivo” na concessão de todos os contratos comercias negociados pela entidade.
O desenvolvimento do futebol em países mais pobres é outra prioridade, e o candidato se opõe faz tempo à concentração de riqueza na Europa. Outro objetivo do dirigente, se for eleito presidente, é construir 400 campos de grama artificial em todo mundo em quatro anos, em medida que pretende reduzir gastos operacionais de US$ 1 bilhão anuais que a Fifa tem nesta área.
Antes de oficializar a sua candidatura, Champagne se reuniu nesta semana com Issa Hayatou, camaronês que é o presidente interino da Fifa durante a suspensão de Blatter, que teria poder de influir nos votos de 54 integrantes africanos com participação na eleição da entidade.
“Temos de aceitar que os continentes não estão unidos”, afirmou Champagne, que afirmou ter desembolsado “um pouco menos” de 5 mil euros de seu próprio bolso em sua candidatura anterior à Fifa, assim como agora também não tem grandes contribuintes financeiros para a sua campanha, que ele prometeu ser transparente na hora de identificar qualquer um que for apoiá-lo nesta corrida presidencial.