Esportes

COB não se ilude com resultados do Brasil em Toronto para Olimpíada do Rio

Após brigar pelo terceiro lugar no quadro de medalhas dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) projeta um ganho entre 27 e 30 medalhas na Olimpíada do Rio, com o Brasil entre os 10 melhores países. Se tomarmos por base o desempenho dos atletas que representaram o País no Pan, esta meta dificilmente será alcançada e os dirigentes sabem disso.

“Não devemos fazer nenhuma comparação dos Jogos Pan-Americanos com os Jogos Olímpicos. Aqui estão presentes 41 Comitês Olímpicos, no Rio serão 205. No Pan existe uma concentração de países na briga pelo topo, na Olimpíada são muitos mais na disputa. Nossa meta era superar Guadalajara no número de atletas e no número de pódios e conseguimos”, afirmou o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, lembrando que os Jogos no Canadá ajudam a dar experiência aos atletas.

Ele sabe que muitos dos resultados obtidos em Toronto são insuficientes para garantir conquistas significativas na Olimpíada, apesar do aumento de pódios em relação ao Pan de Guadalajara, em 2011. Nesta edição, o Brasil conquistou muitas medalhas em modalidades nas quais a concorrência era bem menor do que vai encontrar na Olimpíada como na natação, atletismo, vela e ginástica. Em outras, como canoagem e judô, a expectativa ainda é alta, mas ambas estão cientes de que encontrarão rivais mais fortes.

Para Marcus Vinicius Freire, diretor executivo de Esportes do COB, a projeção para 2016 está mantida. “Falamos sempre que 16, 17 ou 18 modalidades vão chegar ao pódio em 2016, mas nunca listamos elas. Saímos daqui de Toronto com a mesma lista que entramos. Quando o Nuzman coloca que são brigas diferentes, ele está certo, pois os Estados Unidos não vieram para cá com o principal time. Não queremos nos enganar com o Pan”, avisou.

Um exemplo é a natação, que conquistou 26 medalhas no Pan, onde enfrentou um Estados Unidos sem suas principais estrelas. O Brasil também não contou com Cesar Cielo, cotado para pódio no Rio. Outros que podem chegar longe são Thiago Pereira, Felipe França, Etiene Medeiros e as equipes masculinas de revezamento.

Se a natação tem condições de ganhar medalha no Rio, o mesmo não se pode dizer do atletismo, que fracassou no Pan, não mostrou uma renovação como outras modalidades fizeram e mesmo diante de rivais que não eram os melhores de seus países pouco rendeu. “No atletismo estamos em um momento de transição da estratégia. Temos um diretor técnico novo, alguns treinadores foram contratados, os investimentos têm surtido efeito e não é uma competição que vai mudar os planos. Vamos conversar com a confederação para ver o que deu certo e errado”, explicou Marcus Vinicius.

A vela, por exemplo, tem boas chances de subir ao pódio no Rio. A equipe ainda será definida, mas deve contar com atletas experientes como Robert Scheidt, que ficou com a prata no Pan. “Essa medalha serve como estímulo para começar mais um ciclo de preparação para 2016”, comentou o atleta. Ele sabe que os brasileiros têm como trunfo o conhecimento da Baía de Guanabara.

O judô, modalidade que sempre garante pódios para o Brasil, o resultado no Pan não é motivo de preocupação. Apesar dos 13 pódios, a expectativa era um número maior de ouros. “Saímos de Toronto confiantes e fortalecidos. O Pan foi um ótimo laboratório e isso nos ajuda para o objetivo maior que são os Jogos Olímpicos”, lembrou Ney Wilson, gestor técnico de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô.

Na ginástica, o Brasil brilhou com Arthur Zanetti na artística e com a equipe na rítmica. Ainda que o nível técnico dos competidores seja mais alto nos Jogos do Rio, o especialista nas argolas é favorito ao ouro. “A gente está estudando algumas pequenas mudanças para 2016. O objetivo é aumentar um pouco a nota de partida até porque queremos estar no pódio”, contou o técnico Marcos Goto.

Surpresa no Pan, a canoagem obteve 14 medalhas, na slalom e na de velocidade. Ana Sátila e Isaquias Queiroz foram os destaques e têm chance de subir ao pódio no Rio. “Algumas modalidades evoluíram. Na canoagem slalom tivemos 100% de aproveitamento e na de velocidade o Isaquias Queiroz ganhou duas de ouro e uma de prata”, elogiou Nuzman.

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