Principal nadadora do Brasil, Etiene Medeiros, do Sesi-SP, foi pega no doping e vive um drama a 50 dias da Olimpíada. Se for punida com suspensão superior a dois meses, não poderá representar o País nos Jogos. Ela testou positivo para a substância Fenoterol, utilizada no tratamento de asma. “Eu não a trataria como uma atleta que se dopou. Ela usou um medicamento para um problema que ela tem”, disse Eduardo De Rose, médico do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e membro da Wada (Agência Mundial Antidopagem).
Maior especialista no assunto do País, ele explica que o tipo de medicação usado por Etiene é considerado substância especificada, ou seja, a atleta não é suspensa imediatamente e a punição pode variar de absolvição, advertência ou gancho de no máximo dois anos. “A intenção, no meu ponto de vista, não foi se dopar. Acho que pode receber uma advertência ou punição, que com certeza não vai ser grande”, afirmou.
Quem está cuidando do caso é Marcelo Franklin, advogado especialista em regra de doping. Recentemente, ele conseguiu a absolvição da jogadora Maria Elisa, do vôlei de praia, e obteve suspensão de cinco meses para Ana Cláudia Lemos, do atletismo, o que pode fazer com que ela dispute a Olimpíada. “Cada caso é diferente, mas todos me ajudam a entender melhor o tema”, contou Franklin.
Ele lembra que não pode falar sobre a estratégia de defesa de Etiene e de fatos que não foram oficializados, até porque qualquer caso de doping afeta a imagem do esportista. “Todo processo de doping, pelo fato de envolver a imagem do atleta e questões médicas, corre em sigilo. O código da Wada estabelece que, ainda que seja inocente, só pode divulgar o teor do processo se o atleta autorizar”.
Etiene foi submetida ao exame em 8 de maio, em um período fora de competição. No dia 2 de junho, ela foi informada do resultado analítico adverso e por isso solicitou a abertura da amostra B de sua urina. O resultado confirmou a presença de Fenoterol. “É uma substância proibida porque em doses super terapêuticas tem efeitos anabólicos”, afirmou Marco Aurélio Klein, secretário nacional da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).
Agora começa o processo disciplinar, que tem de durar no máximo 60 dias. “Pela minha experiência, dura entre 30 e 40 dias”, disse Franklin, que tem todo interesse de acelerar o julgamento para tentar a absolvição de sua cliente.
A CBDA não informa o que fará caso Etiene não possa disputar suas quatro provas nos Jogos do Rio (50 metros livre, 100 metros livre e 50 metros costas, além do revezamento 4×100 metros livre). Nesta quarta-feira ainda, o Ministério do Esporte avisou que a Bolsa Pódio da nadadora, de R$ 8 mil, está suspensa até o julgamento final da questão. “Caso ela seja absolvida, receberá os valores pagos retroativamente. Se condenada, o benefício será cancelado”.